De vez em quando os gênios que elaboram o calendário do
futebol brasileiro nos presenteiam com uma semana sem jogos do Flamengo.
E isso é um saco, ainda que às vezes acabe nos fazendo bem, já que
nos permite dar um tempo nos questionamentos, nas reclamações e nas
divagações tentando compreender a mente insondável dos treinadores
rubro-negros. É útil, entretanto, para dar tempo a nós torcedores de nos
questionarmos sobre outros fatores, além das quatro linhas, que
interferem no desempenho dos jogadores e nos humores das arquibancadas.
Dentre as diversas coisas que me incomodam na gestão do Flamengo, tem
uma que realmente se destaca: o fluxo incessante de notícias ruins,
crises, micos e fatos inacreditáveis que são divulgados em portais,
jornais, tweets e outras mídias quase que diariamente. É como um
emissário submarino furado que jorra m.#@4 o dia inteiro. Isso já era
ruim na época do presidente anterior e foi levado as últimas
consequências pela atual diretoria. Já virou até piada entre os
comentaristas e colunistas rubro-negros que todos os dias somos
"presenteados", em média, com 3 notícias ruins de diferentes intensidades indo do péssimo ao catastrófico.
Um dos motivos para isso é a ausência (ou inoperância) de uma assessoria
de comunicação competente, capaz de filtrar as informações divulgadas. Sem controle, a exposição do clube que deveria funcionar
como um atrativo acaba por afungentar possíveis parceiros com medo
do impacto negativo que determinadas notícias podem ter sobre suas
marcas. Como exemplo, penso no caso do goleiro que, ao ser preso, foi fotografado de algemas usando
camisa de treino do clube com todos os seus patrocinadores expostos nas
páginas policiais do Brasil inteiro.
Outro motivo é que não existem regras estipulando punições para aqueles
que falam sobre
assuntos estratégicos, negócios ou mesmo contratações que acabam não se
concretizando por causa destes vazamentos. Qualquer setorista passa o
dia nas depenências do clube entrevistando "raposas felpudas",
jogadores, médicos, dirigentes e qualquer um que possa falar alguma
coisa do clube. O Flamengo toma prejuízos técnicos e financeiros por
causa dos linguarudos e nada acontece. Exemplo clássico disso foi a não
contratação do Felipão em 2010 por causa de uma entrevista concedida
pela presidente do clube, que melou o negócio.
E uma última parcela de responsabilidade sobre a produção inesgotável da
fábrica de notícias podres rubro-negra é nossa, dos torcedores que
consumimos avidamente tudo que vem do clube sem nenhum critério. Todo dia saem notícias sobre o que o Adriano fez ou deixou de fazer, sobre a pizza que o Adryan comeu ou sobre as lágrimas de crocodilo da presidente. Qualquer idiotice que
contenha a palavra Flamengo recebe milhares de clicks e page views,
aumentando a visibilidade de jornalistas que não tem nenhum compromiso
com o clube, os torcedores ou ao menos com a informação que estão
publicando.
O pior dessa exposição excessiva é que faz com que os setoristas
precisem ficar correndo atrás de "notícias" para colocar no ar e atingir
suas metas -sempre crescentes - de page-views e clicks. Assim, mesmo quando tudo está
correndo bem, é necessário encontrar (ou fabricar, especialidade da nossa mídia) uma crise, uma polêmica, uma
"reportagem investigativa" para atiçar a curiosidade e o apetite dos
torcedores-consumidores que fazem tudo para conseguirem novas informações sobre a
última polêmica ou trapalhada da diretoria.
Se o Flamengo realmente deseja voltar ao patamar de grande clube do
Brasil e disputar mercados internacionais, precisa realmente aprender a
cuidar da sua imagem. A não ser que o objetivo seja virar um Obina entre
os grandes clubes. Um time que tem tudo pra ser ótimo, mas não passa de
uma entidade folclórica, capaz de alternar grandes feitos com jogadas
dignas de pena.
abraços a todos e SRN!