Perder por 3x0 já aconteceu antes. É uma goleada, mas faz parte do futebol, acontece. O que é difícil de assimilar é a fraqueza, o sentimento de impotência, e mesmo a sensação de falta de empenho por parte de alguns atletas. Antes da partida falava-se, aqui no Buteco, na falta de um primeiro volante autêntico ao lado de Ibson, Bottinelli e alguns garotos. Não era tão difícil prever o que ocorreria. Dorival errou ou não tinha outra opção? O certo é que o jogo começou como o de Porto Alegre, com o time tentando ocupar o campo do adversário e se impor, dando a impressão que dessa vez as coisas seriam diferentes. As limitações do Coritiba, ao menos em mim, por alguns instantes alimentaram falsamente essa esperança. "Quem sabe um empate ou uma vitória com um gol chorado", pensei quieto no meu canto. Porém, estamos falando de uma equipe que se desmancha em um só lance e foi apenas isso que bastou. Um tal de Rafinha, que, se não fosse o Coritiba, estaria pintando rodapés por aí, lançou o "ex-futuro-craque" Lincoln, livre na verdadeira Autoban que era a esquerda, livrou-se como quis de Frauches, que saiu atabalhoadamente na cobertura, e ainda teve a sorte de contar com o "montinho artilheiro" para dificultar as coisas para o "mãos-de-manteiga" Felipe.
Parem por um instante para analisar os nomes dos protagonistas. Algo está errado. O tal do Lincoln não deu certo em lugar algum... O certo é que, depois disso, o Flamengo não existiu mais em campo no primeiro tempo. Não se ouviu mais falar em Ibson e Bottinelli, principalmente. Dorival ainda tentou mexer no time no intervalo. Saiu Luiz Antonio, embora quem devesse ter saído era o protegido e inexplicável Ibson, e entrou Adryan; veio então mais atitude, com Bottinelli começando a querer entrar no jogo, e novamente a sensação de que as coisas poderiam mudar, mas Welinton, após várias partidas jogando com segurança, resolveu voltar aos velhos tempos e, num ato de completa irresponsabilidade, sepultou as nossas chances entregando o segundo gol ao Coritiba. O time novamente desmoronou completamente. O terceiro foi então consequência, e teve um bom passe de Deivid, novamente no setor esquerdo da nossa defesa, a grande Autoban. Para provar que o dia não era rubro-negro, Sandro Meira Ricci deixou de assinalar um pênalti cometido por um zagueiro que desviou intencionalmente a bola com o braço ao disputá-la com Love quando já estava 0x3.
O momento é difícil, Dorival teve coragem para aceitar o desafio e não é hora de crucificá-lo. O pior que poderia acontecer seria sua queda. Contudo, apontar alguns equívocos, ao meu ver, é uma forma de ajudá-lo a encontrar a saída para a situação em que o time se encontra. Acredito que tenha sido um erro promover a estreia do Frauches como titular logo nesse jogo, ao lado do Magal, que não jogava há várias partidas, e contra um adversário contra o qual o retrospecto é tão negativo, ainda mais num jogo com tanta pressão. Qualquer um dos outros zagueiros, com mais tarimba, teria sido melhor opção. A insistência com Ibson é inexplicável. Aírton, um volante com experiência, não poderia ter ficado fora de uma partida na qual faltou combatividade ao meio de campo, o que já vinha ocorrendo, inclusive da parte de Ibson e Bottinelli, nas partidas contra Internacional e Ponte Preta. E a própria insistência com Ibson já extrapola os limites do razoável.
Para não dizer que foi tudo ruim, gostei da apresentação do Muralha, que, por incrível que pareça, mostrou lucidez nos passes e não foi frouxo na marcação, tendo inclusive se destacado em alguns momentos na cobertura. Nenhum dos gols ocorreu por falha sua. Espero que Dorival tenha percebido.
O elenco é reduzido e cheio de carências, mas ainda há opções para melhorar esse time. Mas isso é tema para amanhã. E os amigos podem adiantar o assunto para me ajudar.
Bom dia e SRN a todos.