sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A hora da 12

O Flamengo, como já era previsto, vive um final de ano conturbado com as eleições e performance ridícula do time se alternando nas preocupações de todos. Para piorar o cenário, estamos vendo no universo rubro-negro uma apatia sem igual. Algo muito semelhante ao que aconteceu no vasco de 2008. Não dá para saber qual a real importância que a disputa política e de bastidores tem na queda de produção do time, mas o histórico não é animador. Muito menos se contarmos com os exemplos ocorridos fora da gávea.

Aqui no Rio de Janeiro, mesmo sendo talvez o mais dividido politicamente, ainda somos o unico que não sucumbiu às disputas internas sofrendo com uma queda de divsão. Mas em anos anteriores, quase sempre chegamos a coalizões em favor de salvar o futebol, preferencialmente formadas em anos não eleitorais, como 2005. Só que o futebol não é prioridade para a turma que comanda o Flamengo hoje e se o time cair, certamente virão com pérolas como "Outros grandes também já cairam..." ou "Vejam o Corinthians, que saiu da segundona  e vai disputar o Mundial". Mesmo entre alguns torcedores, começa a surgir a estapafúrdia teoria de que "o Flamengo precisa cair para aprender" ou de que "isso vai ser bom para o clube" e mostram novamente os exemplos do time paulista ou das Laranjeiras.

Vou colocar dois argumentos que acho fundamentais nessa discussão:

Primeiro, não dá para comparar o Flamengo com nenhum outro clube do Brasil por causa de suas características, absolutamente incomuns. O Flamengo têm a pressão do Corinthians, o caos político do Palmeiras, a diretoria aristocrática do Fluminense e cartolas como os do SPFC que rasgam aquilo que assinaram e mudam de posição de acordo com a conveniência. Ainda conta com uma torcida com a força das dos clubes do sul, Bahia, Santa Cruz e Atlético MG, mas que anda se comportando como a do Botafogo, chorona e ausente.

Segundo: O Flamengo não tem um mecenas disposto a colocar (muito) dinheiro no clube por anos a fio a fundo perdido anabolizando suas receitas até fazer dele um clube campeão. Muito menos durante anos até aprender a montar um time que seja capaz de vencer depois de ser rebaixado.

Um outro aspecto que quero lembrar é o da história de que os times aprendem com o rebaixamento ou de que isso resgata a torcida. O Palmeiras caiu em 2002 e está indo pelo mesmo caminho agora. O Botafogo caiu no mesmo ano e a torcida deles continua não indo ao estádio. O Fluminense quase foi de novo em 2009 e a torcida deles só voltou a ser presente porque o time é recheado de bons jogadores com um orçamento que não teria como fechar sem um patrocínio absolutamente fora dos padrões de mercado. O rebaixamento não vai ensinar nada para o Flamengo porque a diretoria vai mudar, os jogadores vão mudar e só quem vai sofrer é o torcedor, que vai participar de campanhas, lotar o estádio na segundona e tentar ajudar o time a voltar para a série A.

O torcedor do Flamengo precisa entender que o time precisa dele. É a hora de jogar com 12 e lembrar a cada um de nós por que sempre fomos respeitados e odiados pelos arco-iris. Não importa se o Engenhão é um estádio com acústica péssima, se é longe ou se as organizadas são vendidas. Não dá para entrar nessa de que esse não é o nosso Flamengo e por isso não vai "levar o nosso dinheiro". Uma parte da culpa por o Flamengo estar do jeito que está é sim da torcida. Ninguém da atual diretoria vai sofrer se o Flamengo cair. Mas você vai ser sacaneado de forma inclemente onde quer que você more. Tem 19 torcidas na série A e mais algumas na B contando os dias para o rebaixamento do Flamengo. Cabe a cada um de nós fazer o que for possível para que continuem esperando. Para sempre

Abs e SRN

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