sábado, 12 de maio de 2012

Torre de Babel Rubro-Negra





A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a ele. Deus então parou o projeto e fez com que a torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem várias línguas para que os homens nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes. A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (atual Iraque), uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade (http://www.hostmach.com.br/passagens_da_biblia.htm).


Pois bem, poderia falar aqui sobre alguns de nossos dirigentes, que parecem querer se igualar a Deus, como Todo-Poderoso do clube, do castigo de falarem várias línguas ou da utilização diária de diferentes idiomas, quando abordados sobre uma mesma situação, especulação, negócio ou decisão, bem como da terra fértil e da localização privilegiada no cenário nacional do Mais Querido. Mas hoje quero falar da Torre de Babel das arquibancadas. Vamos a um breve histórico (fontes: www.flaestatistica.com e http://livroanacao.blogspot.com.br/2012/01/historia-das-torcidas-organizadas.html):



No dia 11 de outubro de 1942, num Fla-flu disputado em plena Laranjeiras, o baiano Jayme de Carvalho reuniu algumas pessoas com instrumentos musicais pra animar a peleja e incentivar o Flamengo. Porém, o grupo tocava um tanto quanto desafinado e o sempre crítico e locutor Ary Barroso, rubro-negro fanático, comentou: "isso não é uma torcida é uma charanga...". O apelido pegou e assim nasceu a PRIMEIRA torcida organizada do Brasil. 

Já em 1967, Jayme se afastou das arquibancadas por problemas de saúde. No período, a Charanga sofreu a  dissidência de um grupo que defendia a possibilidade da torcida protestar. Jayme não abria mão do apoio incondicional. Assim, surgiu a Poder Jovem, que em 1969 passou a se chamar Torcida Jovem do Flamengo. Vale destacar que as torcidas jovens surgiram com essa concepção, de torcidas que protestam, que são mais combativas e que cobram mais.

Em 1977, surgiu a Raça Rubro-Negra, que rapidamente se tornou a maior torcida rubro-negra. A ideia era fazer a torcida deixar de ser mera coadjuvante e praticamente entrar em campo com o time, ser uma torcida diferente de todas.

Finalmente, em 2006, nasceu a Urubuzada, uma torcida que a princípio surgiu com a intenção de se opor a violência nos estádios e de resgatar a filosofia de Jayme, pregando apoio incondicional. Tomou também por inspiração as torcidas argentinas.

Atualmente são essas torcidas que possuem maior relevância. Todas com sua história, cada qual com sua concepção ou capa de filosofia, não vou adentrar o mérito ou o demérito das citadas.

Mas acho imperativo criticá-las e também o próprio clube, diante da omissão em relação ao resultado final de tal divisão. Hoje nosso canto nos estádios está fraco, pois dividido. Hoje a Torre de Babel se faz presente, pois em que pese torcerem pro mesmo time, uma torcida organizada do Flamengo abafa a outra. Ou ficam silentes diante do canto da "adversária" (também rubro-negra), tornando nossa torcida pequena, com se estivesse presente em menor número (já que dividida por três). 

Afinal, qual clube possui 3 grandes torcidas organizadas? É certo que há clubes em que existem até mais do que 3 TO's, mas em geral existe uma gigante e outras minúsculas, quase irrelevantes. Como se não bastasse terem nos enfiado goela abaixo o Estádio de Engenho de Dentro, com o qual temos pouca ou nenhuma identificação, agora nossa torcida mal é ouvida. Volta e meia somos sobrepujados pela torcida do time visitante. Jogar em casa vem se tornando cada dia mais irrelevante. 


A verdade é que os egos tomaram o lugar da finalidade, cada organizada quer impor sua música, seu hino ou canto. Isso é o que importa. Analogicamente, cada uma quer se igualar a Deus, ser o Todo-Poderoso da arquibancada rubro-negra. 

Mas o castigo é duro e diante dessa babel o que temos visto é um time frio, distante, acomodado, desinteressado e sobretudo SEM ALMA.


Se é verdade que compram, ajudam ou doam algo às Organizadas, que ao menos exijam que seus representantes sentem a mesa e cheguem a uma solução ou consenso. O brocardo "A Maior Torcida do Mundo faz a diferença" não pode se tornar letra morta ou um mero slogan esvaziado.