Buongiorno, Buteco! Neste enfadonho mês de maio/2012, graças ao desastroso "trabalho" da Presidência e do Departamento de Futebol (como um todo) do Flamengo, só teremos o prazer de vê-lo jogar no final do mês. À medida em que avança a preparação, uma verdadeira segunda pré-temporada no ano, podemos identificar as preferências do treinador Joel Santana tanto nos reforços contratados para o elenco, como também no esquema tático que será implantado no Campeonato Brasileiro. Joel quer um time "cascudo", o que, pelo que pude entender, para ele significa "experiente", capaz de enfrentar as situações mais difíceis sem oscilações ou instabilidades dentro de campo. Os jovens pagarão o pato pelo insucesso do início do ano, o que não deixa de ser um tremenda injustiça, haja vista que, a despeito das falhas e da cota de responsabilidade que realmente possuem no insucesso, jogadores com muito maiores salários, fama e responsabilidade falharam, e muito mais, nas duas competições disputadas. Pior do que a injustiça, porém, é o diagnóstico impreciso sobre um elenco que já vinha "fazendo água" e se mostrando no limite desde o segundo turno do Campeonato Brasileiro/2011, e que, por isso mesmo, precisava, e muito, rejuvenescer e ser renovado.
O time titular repleto de jogadores com mais de 30 (trinta) anos - Leonardo Moura, Renato Abreu, Kleberson, Ronaldinho Gaúcho e possivelmente Adriano ou Deivid - terá por principal consequência a perda de velocidade e de combatividade, além da incapacidade de adotar esquemas táticos modernos e velozes. O time se tornará lento e previsível, quase sempre com o estilo cadenciado, embora de fato menos sujeito a episódios de desatenção e instabilidade emocional durante a partida, característica que, contudo, acaba por ser anulada pela tendência do time de ser sobrepujado fisicamente, especialmente no segundo tempo, por adversários com média de idade mais baixa e com maiores condições de imprimir velocidade e marcação fortes nas partidas.
É claro que Joel, adepto fervoroso dos "volantes de criação", tem alternativas no banco, especialmente no meio, para rejuvenescer o time; contudo, é bom lembrar que não gosta de trabalhar com jovens e por isso sua capacidade de bem orientar Luiz Antônio e Muralha, por exemplo (os quais precisam muito dessa orientação), é duvidosa, sem contar que, em relação a Muralha, a sua constante escalação como primeiro volante, sem lhe dar chances em sua real posição, mostra que Joel inclusive não se preocupa com o melhor aproveitamento dos atletas que estão a sua disposição, constatação que ganha força quando recordamos a forma que vem utilizando (e mal) o argentino Bottinelli - meia, porém insistentemente escalado como "volante de criação". Joel é o tipo de treinador que prefere distorcer e adaptar a realidade as suas convicções, ao invés de adaptar-se à realidade do elenco e montar um esquema tático de acordo com o material humano que possui. Dificilmente esse tipo de treinador é bem sucedido quando não tem os atletas com seu perfil predileto e decide distorcer.
Finalmente, os reforços: o Flamengo precisava de meias, mas trará Ibson, volante, para ser um "volante de criação", pois Joel tem aversão a meias criativos. Leonardo Moura, que ainda é uma peça ofensiva muito útil, tem demonstrado nitidamente, ao longo das últimas duas temporadas, que a idade está pesando e influenciando negativamente em seu rendimento na marcação. Por isso, precisaria de um reserva com o qual pudesse revezar e a Comissão Técnica estabelecer um programa responsável de aproveitamento. A contratação de um jovem vindo do Bonsucesso praticamente decreta a manutenção de uma verdadeira avenida no setor defensivo direito. Para a zaga, por enquanto apenas tentativas frustradas, e nada se fala do ataque, onde podemos de fato contar apenas com Vagner Love como alguém que possa fazer a diferença. Como ser campeão dessa forma?
Quero deixar claro que não sou contra trazer reforços de times pequenos. Aírton, por exemplo, veio do Nova Iguaçu e tornou-se peça essencial no título de 2009, tamanha a sua eficiência naquela campanha na cabeça-de-área. Amaral pode seguir o mesmo caminho, como o próprio Wellington Silva na lateral direita. O problema ocorre quando esse tipo de contratação passa a ser a política de montagem do elenco para preenchimento das posições carentes. Uma coisa é contratação para "compor elenco"; outra é para efetivamente assumir responsabilidades para as quais não se tem a menor ideia se tais atletas estão psicologica e emocionalmente preparados.
A impressão que se tem é que o Flamengo monta um elenco desarmônico e um time incapaz de assimilar um esquema tático que não o de um jogo lento, previsível e sem competitividade. Oxalá eu esteja errado, ou então teremos fortes emoções, e nada agradáveis, até o final deste até aqui desagradável 2012.
Bom dia e SRN a todos.