Encerrado o desagradável período sabático rubro-negro, se inicia neste fim de semana o campeonato brasileiro de 2012. O Flamengo teve 28 dias para juntar os cacos pelas ridículas participações no estadual e na Libertadores, reavaliar o elenco, treinar e reforçar o time. Mais, teve uma raríssima - e indesejada - oportunidade de recomeçar o trabalho do zero, como se o ano estivesse começando de novo permitindo uma reorganização mais ampla, envolvendo todo o departamento de futebol. E como de costume, a diretoria do clube jogou essa chance no lixo deixando de reforçar o elenco nas posições mais carentes e conseguindo fechar a contratação um diretor de futebol faltando apenas uma semana para o reinício da temporada.
Mas o campeonato começa amanhã e é hora de vermos o que Joel, Ronaldinho e cia serão capazes de fazer. Ainda que, historicamente, quase todas as previsões sobre o desempenho das equipes se mostre furada antes do início da disputa, o Flamengo não figura em nenhuma lista de favoritos mas também não está cotado para brigar contra o rebaixamento - a não ser entre os torcedores mais críticos. Como já comentei aqui antes, creio que o elenco está na média dos times brasileiros e o problema principal se resume a formação de um time, que é muito mais do que um conjunto de onze caras que usam a mesma camisa.
Um time, em qualquer área, é um grupo coordenado executando funções complementares para atingir um objetivo comum. E já faz algum tempo que isso não parece acontecer nem com o time do Flamengo em campo, seja com o Joel ou com Luxemburgo, nem com o departamento de futebol rubro-negro. Matérias nos portais esportivos mostram que a equipe de coordenação do departamento - VP de futebol, diretor e gerente - não vem falando a mesma língua e nem tem tido uma comunicação eficiente com os jogadores e a comissão técnica. Com isso, proliferam os focos de insatisfação, as picuinhas e as rivalidades internas, abrindo caminho para aqueles que se aproveitam do caos para aparecer ou obter ganhos as custas do clube e da paixão do torcedor, sempre chamado a responder nas arquibancadas para "salvar" o time.
O novo diretor de futebol assumiu semana passada com a função de fazer esse meio-de-campo e já se deparou com dirigentes se desautorizando a falar e jogadores e treinador fazendo cobranças via imprensa. Penso que o caminho mais seguro é adotar uma conduta clara e objetiva, tornando públicas as funções de cada peça do complicado sistema rubro-negro. Nesse sentido, Zinho começou muito bem, se dizendo responsável pelas escolhas, contrações ou descarte de jogadores, mas deixando ao vaidoso VP de finanças os holofotes para sacramentá-las, neutralizando um poderoso foco de oposição. É importante que demonstre a mesma habilidade para desarmar as outras minas que o esperam nesse caminho e que vitimaram seus antecessores.
Se Zinho conseguir, como disse que tentaria fazer, se colocar entre a diretoria e os jogadores - com respaldo para tomar as decisões operacionais e resolver os problemas cotidianos - aumentam as chances de termos um segundo semestre minimamente tranquilo. O resto é com Joel Santana e seus comandados.
abs e SRN