Desânimo máster pelo mau futebol apresentado no ultimo sábado. Um
clube totalmente desorganizado, mas em um certa ordem inexplicável.
O Flamengo simplesmente é! Uma constação, que nunca significará
que não possa melhorar, e pode, deve. Estive pensando em Marcelo
Glaser, nosso físico mais brilhante, muito longe do futebol,
pensando em física mesmo, como conhecimento, diversão, já que tive
aversão a física “nos papéis”, não atoa “fugi” das
ciências naturais, só entendendo a relação diretíssima na
universidade. Pois bem, gosto de documentários sobre física e
universo, e ontem, coincidentemente com o fato de estar com uma
vontade zero de escrever sobre o Flamengo, me deparei com um artigo
do cientista sobre futebol. Leia abaixo:
Artigo
de Marcelo Gleiser, Professor
de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor
do livro A
Harmonia do Mundo.
Outro
dia, um amigo me fez uma pergunta aparentemente ingênua sobre o
elétron. Como toda boa pergunta, por trás dela escondem-se grandes
revelações. No caso, as ideias da física do século 20 que
revolucionaram nossa concepção da matéria, lançando a sociedade
na era atômica e digital. "Marcelo, se o elétron tem
carga elétrica negativa, o próton positiva e cargas opostas se
atraem, por que os elétrons nos átomos giram em torno dos prótons
sem cair? O que os segura"?
A pergunta é
inspirada pelo modelo do átomo como sendo uma espécie de
minissistema solar, com os elétrons girando em torno do núcleo como
os planetas em torno do Sol. No caso dos planetas, a força
responsável é a gravidade. Por que os planetas não caem sobre o
Sol? A explicação é bem diferente da dos átomos.
Em vez de
planetas girando em torno do Sol, vamos usar um exemplo mais
palpável, uma pedra atraída pela Terra. Se soltarmos a pedra de
certa altura, ela cai na vertical em direção ao centro da Terra. Se
atirarmos a pedra na horizontal, ela já não cai mais na vertical,
mas descreve uma curva parabólica. Quanto maior a velocidade da
pedra na horizontal, mais longa a curva e mais longe ela cai.
Um satélite em
órbita em torno da Terra é como essa pedra; só que viajando a uma
velocidade tão alta que continua sempre caindo, sem tocar no chão.
Os planetas também são satélites "caindo" sobre o Sol. E
por que não caem de vez? Por que no espaço não tem ar e, portanto,
não tem atrito. “Ah, então é isso? Os elétrons giram sem cair
em torno do núcleo atômico porque não existe atrito no átomo?"
perguntou meu amigo. Infelizmente não é tão simples.
A força elétrica
é bem diferente da gravitacional. Quando uma carga gira em torno de
outra, ela emite radiação e perde energia. Aos poucos, o elétron
cairia sobre o núcleo com certeza. Essa é a conclusão à qual
chegaríamos se usássemos a física do século 19 para descrever os
átomos: segundo ela, os átomos não podem existir! A solução foi
criar uma nova física, obedecida por objetos de dimensões atômicas.
O mundo do muito pequeno obedece à leis muito diferentes das nossas.
Onde começar? Em
1913, Niels Bohr propôs a primeira extensão do modelo do átomo
além de um minissistema solar. Afirmou que o elétron não cai no
núcleo porque não pode: suas órbitas são como degraus de uma
escada. Podemos estar em um ou outro mas não entre dois. Imagine
então o átomo como uma espécie de um minúsculo Maracanã. O
núcleo fica no centro do gramado. Os elétrons podem correr em torno
dos degraus da arquibancada. De vez em quando, pulam de um degrau a
outro. Se vão para cima usam energia, para baixo, liberam energia.
Porém, os elétrons jamais podem sair da arquibancada invadir o
campo. Bohr não explicou o porquê da proibição. Mas o modelo
funcionou bem o suficiente para que ficasse claro que ele tinha
elementos da explicação final.
Em
1925, foi proposto que o elétron não fosse uma simples bolinha de
bilhar. Objetos de dimensões atômicas não podem ser descritos com
imagens do nosso dia-a-dia. Não sabemos o que o elétron
é. Apenas como se comporta, o que já é suficiente. E seu
comportamento obedece ao princípio da incerteza, que diz que não
podemos medir sua posição e velocidade com precisão arbitrária.
Ou seja, se acharmos que o elétron está pertinho do núcleo, já
não está mais. Sua posição sempre vai ser incerta, numa espécie
de vibração incessante.
Feito uma partida
de futebol; como vimos na Copa do Mundo passada, essa coisa de ser
favorito é muito incerta também.
O Flamengo é como o o átomo, descrito por Glaser, que falava sobre
as possibilidades do imponderável em uma copa do mundo. Que a
torcida, que nunca chegará ao núcleo, ao menos esteja presente e
incessantemente vibrante, mas para isso o núcleo vai ter que se
comportar como tal e organizar o todo, porque do jeito que está, com
esse disse me disse e o futebolzinho do campo, vejo dias de big-bang,
até porque há mais irracionalidade do que outra coisa no Flamengo,
irracionalidade esta, centenária, mas que não se sustenta nos dias
atuais. Precisamos de estrutura em todos os níveis, precisamos de um
Flamengo melhor, maior!
Ubique,
Flamengo!
Somos
Flamengo,
Vamos
Flamengo!