Buongiorno, Buteco! A torcida do Flamengo inicia a semana despertada de volta para a dura realidade, evidenciada pela "exibição" da equipe na estreia do Campeonato Brasileiro/2012 contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro, no último sábado, claro que não pelo resultado em si, mas pela anormal fraqueza do adversário que enfrentamos, o qual, no momento, é candidatíssimo ao rebaixamento, tamanha a falta de qualidade técnica e tática de sua equipe. Pois essa equipe dominou o Flamengo durante boa parte do jogo, coincidentemente o período em que o treinador Joel Santana colocou em campo o time com o esquema e o perfil mais próximos do que pretende implantar ao longo do campeonato: um time repleto de volantes e com o Ronaldinho Gaúcho ao lado de Vagner Love no ataque. Em ação, vimos um time que confirmou a previsão feita aqui mesmo nessa coluna há algumas semanas atrás: lento, previsível e facilmente dominado por um adversário menos técnico, porém com jogadores mais jovens e aplicados taticamente. Foi apenas uma partida, mas o bastante para constatarmos que, tal como em 2010, durante o período da Copa do Mundo, o Flamengo perdeu tempo precioso para fazer uma segunda pré-temporada e corrigir erros táticos do primeiro semestre.
O que se pode fazer agora? Penso que há um limite para se cometer erros sem causar prejuízos irreversíveis ao time. E receio que esses limites tenham sido ultrapassados pela Diretoria e pelas Comissões Técnicas do Flamengo nesse ano, a ponto de começar a temer por um rebaixamento. Lembro a quem porventura pense que eu estou exagerando que o Flamengo é um clube dado a extremos. Em 2001 o time que tinha Júlio César, Juan (zagueiro), Beto, Petkovic, Edilson, Reinaldo (ainda em boa fase) e Adriano (este no banco) lutou arduamente contra o rebaixamento, tudo porque a balbúrdia era tamanha, com salários atrasados e a mais completa e absoluta falta de autoridade da Diretoria sobre o elenco, que as coisas fugiram do controle, tendo o Flamengo precisado de um gol salvador de Roma para não ser rebaixado para a Série B. As semelhanças, que não param em pessoas que apoiavam ou trabalhavam na Diretoria de então e na atual, alcançam até uma eliminação precoce na fase de grupos da Taça Libertadores da América no ano seguinte, em 2002, vexatória como a desse ano, valendo lembrar que, em 2001, o time teve um primeiro semestre vitorioso, com Estadual e Copa dos Campeões (esta com triunfos memoráveis sobre Cruzeiro e São Paulo), ao contrário desse ano.
Acho que ainda há tempo para arrumar a casa e ter um final de ano digno, com o clube figurando entre os dez primeiros do campeonato, quem sabe até sonhando com uma vaga na Libertadores da América, desde que medidas drásticas e talvez impopulares sejam tomadas imediatamente, aproveitando-se algumas oportunidades que o clube terá daqui a algumas semanas. Tais medidas visariam restaurar a moralidade e a autoridade do Departamento de Futebol, e ainda viabilizar a formação de um time minimamente competitivo, ambas situações que, para mim, hoje não existem no Flamengo. Eis as minhas sugestões:
1) Ronaldinho Gaúcho: o Flamengo tem uma oportunidade de ouro para se livrar do sujeito, que é a abertura da janela para transferências internacionais. Para mim está muito claro, com base nos últimos acontecimentos, que a relação entre jogador e Diretoria alcançou um desgaste irrecuperável: o atleta não respeita mais o clube nem seus Diretores, que por sua vez não têm qualquer autoridade moral para se impor como seus empregadores e superiores hierárquicos. Como se isso não bastasse, o atleta, contratado para ser um parceiro do Flamengo, é exatamente o oposto: comporta-se como um boêmio cafajeste, pouco se importando com a imagem do clube e com o prejuízo que sua conduta gera para a captação de patrocinadores, exatamente quem poderia pagar os seus salários, hoje novamente atrasados. Seu desempenho em campo é pífio e ridículo, dificultando sua adaptação a qualquer esquema tático, e nada, absolutamente nada indica que ele sequer cogite mudar seu comportamento e se comprometer com a melhoria do seu futebol e com o clube e sua torcida.
Patrícia Amorim deveria entender que corre enorme risco de afundar como o Titanic, junto com sua estrela, e admitir que não tem condições de bancá-la. A saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo é a premissa básica para qualquer mudança. Com ele tudo continuará como é hoje.
Patrícia Amorim deveria entender que corre enorme risco de afundar como o Titanic, junto com sua estrela, e admitir que não tem condições de bancá-la. A saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo é a premissa básica para qualquer mudança. Com ele tudo continuará como é hoje.
2) Joel Santana: para mim, um "problemaço". Deficiências no elenco do Flamengo todos sabemos que há; problemas extra-campo por decorrência do comportamento boêmio de Ronaldinho Gaúcho e seus reflexos no elenco também; mas nem por isso o treinador com 30 (trinta) anos de profissão, ou seja, três décadas de experiência como treinador, fora o tempo de carreira como atleta profissional, tem o direito de, tendo um time com sérios problemas táticos dentro de campo, deixar de treiná-lo durante a maior parte de um período de inatividade de 28 (vinte e oito) dias, e ainda por cima conceder entrevistas televisivas em tom choroso, fazendo-se de vítima, tentando transferir uma responsabilidade que é sua, e de mais ninguém, para terceiros, atribuindo-lhes falta de empenho. Todas as limitações que alguns setores do elenco possuem poderiam ser amenizadas com intensivos treinamentos técnicos e táticos dados por um treinador responsável e minimamente zeloso com a situação do time que dirige.
Não, não prego a sua demissão porque tenho alguma noção da precária situação financeira do clube, que não pode arcar com duas multas rescisórias (Vanderlei Luxemburgo e Joel Santana) simultaneamente ou no mesmo ano; contudo, entendo que seja o caso de intervenção. É inadmissível que o Flamengo continue a ser escalado de uma forma que não vem dando certo há mais de um ano e meio sem que a Diretoria tome uma atitude e intervenha no trabalho ineficiente, burocrático e omisso do treinador. O Flamengo do segundo tempo, pós-gol do Sport, com dois atacantes de ofício, deve ser imposto ao treinador como diretriz de trabalho fixada pela Diretoria, goste ele ou não, contrarie ou não esse esquema as suas convicções, porque essa é a única formação que permitirá ao time figurar entre os dez primeiros no campeonato e, assim, evitar uma indesejável gravitação em torno da temida ZR. Já a escalação que iniciou o jogo levará o Flamengo ao abismo. Por isso, o treinador não tem o direito de utilizá-la e, se insistir nesse erro, que se faça uma intervenção para evitar o pior.
3) Elenco e Janela de Transferências: É fundamental a contratação de dois zagueiros, um meia e de um atacante de bom nível. Só que essas contratações não podem ter o nível de Magal, Jorge Luiz e Amaral. O elenco do Flamengo está sendo formado com base em jogadores sem a menor condição de jogar a Série A do futebol brasileiro, quanto mais vestir o Manto Sagrado. A janela de transferências é um momento único o qual, acaso não aproveitado, gerará consequências severas para o futuro do clube no Campeonato Brasileiro/2012.
4) Profissionalismo e Competência: um binômio simples. Ninguém mais imporia escalação por nome, passado, valor do salário ou currículo, seja ele no Flamengo ou em outros clubes, Seleção Brasileira ou mesmo no exterior, e nem tampouco por influência de empresário ou com esquema de qualquer ordem. E ninguém imporia escalação também no grito. Deu pra entender, né?
Ainda é possível reverter esse quadro, muito provavelmente não para a conquista do título, mas ao menos para terminar o campeonato dignamente; porém, o momento exige atitudes corajosas e até drásticas.
Antes que seja tarde demais.
Como sabemos que no Flamengo as decisões são tomadas em ritmo lento, só nos resta rezar.
Antes que seja tarde demais.
Como sabemos que no Flamengo as decisões são tomadas em ritmo lento, só nos resta rezar.
Bom dia e SRN a todos.