Buongiorno, Buteco Famoso! Inicia-se uma semana decisiva para as pretensões do Flamengo na temporada com uma crise e grande expectativa, afinal de contas, o time não depende de si para a classificação na Libertadores. Muitas são as causas. Não tenho a pretensão de esgotá-las. Então, vou abordar os diversos temas que, para mim, circundam ou causam essa crise em partes. Começo pelo espinhoso tema do "Balanço/2010" e a sua até agora "não aprovação" por parte do Conselho Fiscal. Pelo que pude entender das reportagens sobre o tema, ainda não houve um parecer efetivamente rejeitando as contas de 2010; contudo, pendem de explicações uma série de pontos, que vão desde recursos da negociação de Renato Augusto para o Bayer Leverkusen até o tal do "distrato do caso CFZ". Como o "Balanço/2011" já está atrasado desde fevereiro, ou seja, ainda não foi entregue, é forçoso perguntar como pode uma Presidente continuar a gerir um clube do tamanho do Flamengo, sem qualquer cobrança séria, estando em mora com os poderes competentes do clube no que toca à apresentação de contas regulares? Até quando essa situação perdurará? Qual é o risco que a instituição Flamengo corre no momento? Qual é a real situação fiscal e financeira do Flamengo? O que se tem certeza, hoje, é que a oposição no clube não funciona. Por que será? É inoperante por estratégia ou porque está neutralizada?
Saindo dos números, surge a questão da gerência do futebol e a absoluta falta de propostas, próprias ou não, de Patrícia Amorim desde o início de sua gestão, cujo "projeto" caracteriza-se pelo mais completo vácuo de ideias. Por isso, tentou desde o início "terceirizar" o Departamento de Futebol e transferir a responsabilidade de gerir esse importante setor que, confessadamente, "não é a minha área", segundo suas próprias palavras. Para tanto, tentou contratar Luiz Felipe Scolari, mas fracassou; contratou Zico, mas colocou-o completamente desprotegido e sem blindagem contra a politicagem do clube, sem querer, é claro, justificar erros cometidos pelo próprio Zico na administração do departamento. Fritado da forma mais deplorável possível o maior ídolo da história do clube, o Departamento de Futebol foi terceirizado para Vanderlei Luxemburgo, que, a despeito de inegáveis méritos como a disciplina de trabalho e o CT, trabalhou cerca de um ano e meio sem qualquer supervisão decente, livre, leve e solto para viciar o setor com seus demônios, especialmente nas negociações e agenciamento de atletas. No início da disputa da segunda Libertadores da América de sua gestão, demitiu o treinador após longo e penoso processo de fritura que comprometeu inteiramente a montagem do elenco e a pré-temporada, repetindo a trapalhada cometida na mesma competição em 2010, um ano que não deixou saudades e no qual, além de haver demitido o técnico no meio da competição e deixado o time ser treinado por um noviço, um estagiário, teve até chegada em atraso ao Maracanã em plenas quartas-de-final da competição porque o ônibus tinha que buscá-la na Gávea.
Em meio a esse caos, no ano de 2010 o vice-presidente de futebol à época, Marcos Braz, disse que Adriano e Vagner Love poderiam faltar quando bem entendessem, o que hoje Ronaldinho Gaúcho faz na maior cara-de-pau sem que sofra qualquer consequência, nada obstante o salário de R$ 1.250.000,00 pagos pontualmente com recursos do clube. Percebam, então, que ninguém pode estar surpreso com o comportamento atual do Dentuço de Soleil, chegado a uma bronha virtual, já que assim foi nos últimos tempos de Barcelona, assim foi no Milan, e assim vinha sendo com outros atletas no tolerante Flamengo de Patrícia Amorim, que o contratou. Alguém se surpreende com as dificuldades em se obter o patrocínio master para o Manto Sagrado?
Difícil e complicado esse grupo que certa Patrícia Amorim. O vice-presidente de Finanças, Michel Levy, que deveria cuidar das finanças, volta e meia servia de moderador de Vanderlei Luxemburgo e exercia a função de Luiz Augusto Veloso, ex-presidente e que exercia cargo remunerado teoricamente acima do treinador no Departamento de Futebol, mas que tinha o hábito de dizer "vou falar com o Luxa" antes de tomar qualquer decisão. Luxemburgo decretou sua saída do Flamengo quando, já desgastado, "bateu de frente" com Levy. A guerra se iniciou antes da pré-temporada, na época em que outras equipes se concentravam em contratar reforços, e se estendeu durante o importante período de preparação. Luxemburgo, para se defender, foi ao oculista, corrigiu o grau e passou a enxergar o que até então não conseguia, dando até uma de detetive para tentar flagrar Ronaldinho com uma Maria-Chuteira. Era muito para Luxemburgo. Dançou. Ronaldinho ficou.
Falando em Ronaldinho, não retiro aqui o que escrevi em outras colunas, ou seja, de que a forma mais racional de se aproveitá-lo, diante de todo esse contexto, é escalá-lo num time veloz, que jogue de forma vertical e com jogadores técnicos, que não errem passes. Assim, a única coisa que ainda consegue fazer com bola rolando, que é fazer grandes lançamentos, pode inclusive fazer diferença em alguns momentos. Contudo, isso não deve ser motivo de empolgação, até porque Ronaldinho tem se revelado um verdadeiro mestre da empulhação, escolhendo a dedo as partidas ou os momentos dentro delas para "justificar" a sua contratação, o que infelizmente não inclui os jogos fora de casa na Libertadores e nem os adversários mais difíceis, muito menos os momentos mais complicados dessas partidas, sem contar sua impostura decorrente de investidas na noite carioca. Paga-se uma fortuna a ele por mês e com ele jamais seremos rebaixados, mas somente se conquistará os títulos ambicionados pela torcida acaso o time tenha vários outros jogadores que, nos momentos decisivos, mostrem a cara, já que ele se esconde. Que relação custo x benefício é essa?
Agora pensem num elenco e num time a serem preparados e montados em meio a um caos como esse. O pior é que acharam que daria certo! A cereja do bolo é a escolha de um treinador que "se adapta" a todo esse contexto: Joel Santana. A dinâmica dos fatos, contudo, está a exigir de Joel atitudes que não gosta de tomar e agora o seu emprego está ameaçado; mas a salvação para todos está a competição que, por decisão de todo esse grupo de apoio, sempre foi a mina de ouro para as plataformas políticas de todos eles: o campeonato estadual, em 2012 explicitamente priorizado em detrimento da Libertadores, chamada publicamente de deficitária pelo vice-presidente de Finanças. É a oficialização do Flamengo como um grande Atlético/GO carioca.
Não me surpreenderei com uma classificação na quinta-feira. Já vi de tudo no futebol. Tampouco me surpreenderei com uma futura classificação nas oitavas-de-final contra um clube brasileiro que entre cheio de banca na condição de favorito. Sabemos como o Flamengo se comporta nessas situações. É claro que o sonho se acabará contra o primeiro hermano que fale grosso logo adiante. Esse time, e essa diretoria, definitivamente, não têm o espírito de Libertadores.
Bom dia e SRN a todos.