A crise encontrada
atualmente no Flamengo não é igual a crise de 1929, mas para o
clube tem importância parecida, pois se trata de um apodrecimento
catalisado da instituição. Precisamos de um caminho, mesmo que não
se reforme ao arcaico estatuto, um novo direcionamento, mais do que
urgente, ao menos discutir isso. Aqui vai mais algumas propostas possíveis, no intuito da
construção de um clube mais moderno, adequado as novas realidades,
e principalmente transparente. Inicio uma serie de posts, três
partes, onde o primeiro
texto, este, sobre a formação de conselhos consultivos diretivos e
de um conselho geral, num novo modelo de governança; a segunda
coluna da série tocará na vigente e errônea politica de
contratações e formatação de contratos, para todo o clube,
principalmente o futebol; o terceiro post será sobre o
posicionamento do clube em relação aos assuntos externos e a
politica empresarial.
Falta ao clube
vontade política para a sua profissionalização, cargos e planos
concretos que o tornem moderno, mesmo com dificuldades no estatuto. A
formação dos conselhos diretivos independentes para a gestão de
módulos independentes (e interdependentes, pois se trata de partes
do todo), em modelos de negócios separados pode ser uma das soluções
para que se acabe com o amadorismo, que infelizmente não se encerrou
no ano de 1936 (primeiro campeonato profissional). A gestão se daria
por cinco partes, administrado de forma autônoma, com o
objetivo de autogestão e autossuficiência, tornando cada parte
responsável por seu próprio funcionamento. Atualmente, estatutariamente existem 12 vice-presidências que devem ser
assumidas por sócios não-remunerados, um problema, porque são cargos políticos, que ligados a outros cargos distribuídos abaixo são meras indicações, cabides de empregos. Hoje
são: Futebol, Olímpicos, Remo, Gávea, Patrimônio, Marketing,
Administração, Finanças, Procuradoria Geral, Planejamento, Secretaria Geral e Gabinete da Presidência.
O novo modelo de
governança teria como principal função profissionalizar as
operações e tornando os vice-presidentes (não-profissionais) em
consultores, condutores do processo, não gestores, como ocorre hoje. Consistiria em dar liberdade para os módulos independentes, que
teriam um Diretor-executivo e diretores contratados no mercado, ou
seja, do “segundo escalão” para baixo todos seriam profissionais
contratados e responsabilizados diretamente por seus atos, fiscal e
monetariamente sobre os bens do funcionário, que por ventura possa
danar ao clube, na justiça. Nesta nova estrutura o numero de
vice-presidentes nas reuniões de um novo conselho criado, seria
igual ao numero de profissionais, todos com direito a um voto, com o
voto de minerva assegurado ao presidente eleito do clube.
Os modelos de
negócios seriam: Patrimônio (CT, futuro estádio e demais
instalações, inclusive as alugadas pelo clube como Engenhão e
Tijuca Tênis Clube), Agência Flamengo (propaganda, marketing
e relações institucionais), Clube Social, Olímpicos e
Futebol. Todas as “empresas” do grupo tem plenas
condições de autogestão, e se a partir disso forem
interdependentes, ajudando ao “conglomerado”, Flamengo cresce. A
constituição dos conselhos de gestão contaria com membros
estatutários (vice-presidentes), conselheiros independentes
(profissionais ilustres torcedores do clube, empresários com sucesso
PUBLICAMENTE reconhecido, dispostos a doar parte de seu tempo ao
clube), um auditor e membros profissionais, os gestores dos módulos,
se compondo assim:
- Conselho Consultivo da Agência Flamengo – Compõem ao conselho os vice-presidentes de Marketing, Administração, Finanças, Planejamento, Secretaria geral e Gabinete da Presidência; dois consultores independentes, um auditor e três profissionais contratados para a gestão direta, entre eles o Diretor-executivo da área, os outros seriam profissionais que também trabalham na Agência, nomes indicados pelo diretor-executivo (o mesmo modelo serve para os demais conselhos), 12 membros no total;
- Conselho Consultivo do Clube Social (Fla-Gávea) - Vice-presidentes de Patrimônio, Gávea, Administração, Finanças, Planejamento, Secretaria geral e Gabinete da Presidência; dois consultores independentes, um auditor, o Diretor-executivo da área e o de Patrimônio e dois profissionais contratados e indicados pelo Diretor-executivo do Clube Social, 14 membros no total;
- Conselho Consultivo dos Esportes Olímpicos - Vice-presidentes de Remo, Olímpicos, Administração, Finanças, Planejamento, Marketing, Secretaria geral e Gabinete da Presidência; dois consultores independentes, um auditor, o Diretor-executivo da área e o de Marketing, outros dois profissionais contratados e indicados pelo Diretor-executivo de Esportes Olímpicos para a gestão direta, 16 membros no total;
- Conselho Consultivo do Futebol - Vice-presidentes de Futebol, Administração, Finanças, Planejamento, Marketing, Secretaria geral e Gabinete da Presidência; dois consultores independentes, um auditor, o Diretor-executivo da área e o de Marketing, outros dois profissionais contratados e indicados pelo Diretor-executivo de Futebol para a gestão direta, 14 membros no total;
- Conselho Consultivo de Patrimônio - Vice-presidentes de Patrimônio, Administração, Finanças, Planejamento, Marketing, Secretaria geral e Gabinete da Presidência; dois consultores independentes, um auditor, o Diretor-executivo da área e o de Marketing, outros dois profissionais contratados e indicados pelo Diretor-executivo de Patrimônio para a gestão direta, 14 membros no total;
- Conselho Consultivo Geral - Todos os vice-presidentes (Futebol, Olímpicos, Remo, Gávea, Patrimônio, Marketing, Administração, Finanças, Procuradoria Geral, Planejamento, Secretaria Geral e Gabinete da presidência), os Diretores-executivos de cada área (Agência Flamengo, Clube Social, Esportes Olímpicos, Futebol e Patrimônio) mais um membro indicado por ele; um consultor independente de cada área; o presidente do conselho de administração do Clube assim como para o Conselho fiscal e o Deliberativo; totalizando 25 membros e fazendo com que todos os poderes estatutários do clube estejam representados e “governando” indiretamente.
As reuniões dos
conselhos seriam bimestrais, nas primeiras três semanas do mês, as
segundas-feiras, sem conflito de datas para reuniões (três em um
mês, três em outro à escolha), assim não há atropelo de
conselheiros que participem de mais de um conselho, não atrapalhando
os projetos ligados aos diretores executivos das áreas, dando-lhes
autonomia de gestão (a ultima semana, no caso a terceira semana do
segundo mês estaria reservada ao Conselho Geral). Este modelo de governança como disse acima garantiria a AUTONOMIA das gestões profissionalizadas, ISONOMIA entre os poderes do clube, pondo todos a parte do processo e inclusive entre setores profissionais e não profissionais e, principalmente, manteria a DEMOCRACIA no Flamengo, mas sem bagunça e confusões.
Com estas medidas, algumas vice-presidências perderiam poder, sendo então “desmembradas”,
restringindo-se apenas ao vice-presidente estatutário, exemplo dado às VPs de
Administração (já que cada módulo teria que se administrar
independentemente), Flá-Gávea, Futebol, Olímpicos, Remo, Patrimônio e a de Marketing, mantendo-se “decorativas”, com
apenas um funcionário, exatamente o vice-presidente. Seria criada
também a secretaria de audição, trabalhando de forma independente,
tendo cadeira em todos os conselhos, ligada a Procuradoria Geral do
clube, e também, a Secretaria de Relações Humanas, garantindo em
cada um dos módulos um setor de RH, esta secretaria ligada diretamente a
presidência da “holding”, assim como a Secretaria Comercial e
Outsourcing (terceirização e serviços).
Como sempre digo, o
Flamengo é uma Multinacional do esporte e deveria ser tratada como
tal, pois poucas são as associações esportivas no mundo com as
modalidades e ativos que o nosso clube dispõe, sem contar com o
consumidor, torcida. Para mim esta é uma solução viável no modelo
presente, mas certamente não bem vista politicamente neste cabide de
oportunidades não profissionais em que se tornou o clube, porque
apenas estas 12 engessadas vice-presidências por si só não geram o que o
clube precisa para funcionar no esporte atual, como entretenimento. Com um presidente e toda a estrutura não-profissionais, ficamos estagnados, a
mudança deve ser estrutural, não apenas mudar técnico e demitir
funcionários, empurrando culpas e responsabilidades para os outros. Logicamente este modelo não é perfeito, está incompleto, mas me parece muito melhor do que o atual, uma ideia.
Ubique,
Flamengo!
Somos
Flamengo,
Vamos
Flamengo!