Uma série de
fatores contribuem para a crise, mas o Flamengo como clube
profissional, não existe, e infelizmente por isso, o aspecto
esportivo fica para trás, causando as tais “noticias ruins”.
Neste ano olímpico, os esportes “amadores” de certa forma se
igualam ao futebol e o desempenho dos atletas do Flamengo pode estar
ligado aos do futebol, pelos mesmos motivos, e talvez estes não
consigam desenvolver tudo que se espera. Campeões mundiais como
Fabiana Beltrami, Diego Hipólito e César Cielo, podem até pensar
que não, mas são muito contaminados pelo futebol e pela estrutura
que não é profissional, porem funciona em alguns aspectos para o
futebol, mas nos esportes olímpicos (que são muito mais
“profissionais” do que o futebol) não, vide a queda de
rendimento do fortíssimo elenco montado no basquete, mas que não
convence a ninguém ser um time vencedor, porque estão durante
grande parte da temporada 2011/2012 com dois meses de salários
atrasados. A culpa é do viciado sistema não profissional,
ocasionando desanimo e apatia em parte dos torcedores e sócios, e
por isso, digo e repito com todas as letras que a falta
de profissionalismo é a causa anemia do Flamengo,
e enquanto o clube não for tratado como
empresa, com politicas especificas gerenciais nada vai funcionar como
deveria inclusive o clube social e os esportes olímpicos.
A falta de
planejamento e o modelo de governança falido, pode ter reflexos
negativos na gestão de Patricia Amorim, inclusive em seu acerto, o
fortalecimento dos olímpicos, mas não da maneira que está sendo
feito, tirando dinheiro do futebol e sem autonomia administrativa
para as modalidades e responsabilização das mesmas, inclusive o
próprio futebol, gerador de renda do clube. O livro Soccernomics, de
Simon Kuper e Stefan Szymanski, tornou-se um belo manual de como
pensar o esporte (primordialmente o futebol), adequadamente, como
parte do entretenimento, campo de negócios. Considero esta parte tão
ou mais importante do que apenas pensar o campo e bola, porque se a
estrutura não funciona, a execução não irá funcionar, exatamente
como no Flamengo, mal gerido e decepcionante no campo. O livro
apresenta algumas dicas para a observação do mercado do futebol, e
algumas delas seriam perfeitas para um clube desorganizado e sem
comando como o Flamengo. Vale a pena ler ao livro.
Como um simples
torcedor, igual a maioria não associada, existem algumas coisas que
não conseguimos enxergar, e talvez possíveis parceiros,
patrocinadores também não, vide estarmos sem um patrocinador máster
para a temporada, como no ano passado. Onde está o planejamento?
Qual é o posicionamento
do clube em relação aos assuntos externos? Qual é sua politica
empresarial? Estas são questões para qual não teremos resposta,
assim como em questões de conduta interna, se
existe um planejamento estratégico geral e de marketing, onde estão
o programa de sócio torcedor e se ele será separado do sócio do
clube social, entre outras. As contratações e o dinheiro gasto no
futebol são grandes exemplos de como não se administrar patrimônios
empresariais, e que fique bem claro que ocorre em todo o mundo, não
exclusivamente no Flamengo.
Um dos aspectos que
EU colocaria em prática URGENTEMENTE seria implantar uma comissão
para contratações e desempenho, para que se avaliem os jogadores do
clube e os atletas fora do clube para contratação, algo como o que
foi demonstrado no filme Monneyball e no livro Soccernomics. O clube
deve formar um conselho técnico de qualidade para poder contratar
jogadores, não os treinadores, porque este trabalhará com os
atletas que estão no clube, com uma filosofia do clube, por uma
filosofia a ser implantada. Exemplo, Lyon, sete vezes seguidas
campeão francês com cinco treinadores diferentes no período. Os
cuidados com os gastos em transferências devem ser maximizados,
estes gastos e tem pouca relação com o posicionamento em
campeonatos (segundo Soccernomics, em pesquisa, na pagina 56 que tem
uma tabela).
Para os autores do
livro a relação contratação/rendimento é frágil, e exemplifico
nacionalmente com Ronaldinho no Flamengo, Adriano no Corinthians, e
pior, Wesley, que quase veio parar no Flamengo e foi para o Palmeiras
por seis milhões de Euros e agora vai ficar parado por oito meses,
por conta do rompimento dos ligamentos do joelho (logicamente o
atleta não tem culpa disso), todos com custo altíssimo e beneficio
pequeno. Os gastos com salários são mais efetivos no desempenho da
equipe do que as contratações, assim como no mundo empresarial.
Quem é bem remunerado e reconhecido, tanto por seus patrões, quanto
pelo mercado, geralmente rende mais, sendo produtivo. O melhor a se
fazer é construir uma política de contratos baseada em
produtividade, o que comummente só é lembrado ou visto quando o
jogador tem problemas, nos “contratos de risco”.
Todos os contratos
deveriam ser de “risco”, e um exemplo de como esta lógica
funciona é o sistema utilizado no Barcelona, onde 40% dos salários
são baseados em produtividade e prêmios, e assim deve ser para
todos os atletas, ocorrendo no médio prazo uma planificação dos
contratos, uma norma. O atleta só receberá o salário “integral”
se jogar a um determinado numero de partidas na temporada, não
faltar a treinos, se disciplinar, produzir, vencer, e isso é
suficiente para trazer motivação, e quem não estiver satisfeito,
que saia e procure outro lugar para trabalhar, caso de Ibrahimovic,
que não estava satisfeito em Barcelona e foi transferido para o
Milan. Todos devem estar no “mesmo barco”. Quem valoriza a seus
atletas vence, gastando menos no confronto entre produtividade e
formação X contratações de impacto (cortinas de fumaça), sendo
melhor melhorar a formação, as categorias de base do que fazer
contratações que possam onerar orçamentos futuros, craque o
Flamengo faz em casa, só não aproveita muito bem. Assim, com um
plano de carreira para estes atletas, que querem sim sucesso, mas com
estabilidade e tranquilidade para exercer sua profissão, com
diretrizes claras, além de otimizar a produção, torna-se um a
vitrine para outros atletas venham vestir a camisa do clube por
motivos reais, com condições de trabalho decentes e valorização
do ser humano que está ali. Contudo, a cobrança poderá ser maior e
mais efetiva.
Novamente tendo o
Barcelona como exemplo, posso assegurar que os contratos por
produtividade são uma medida importante para o rendimento dos
atletas dentro de campo, demonstro os números de Messi na temporada:
hoje, 63 gols e 23 assistências em 52 jogos nesta temporada. Ele
maximiza o exemplo porque joga a todas as partidas. A nova política
estaria baseada em contratos com prazos longos; bônus por jogo e
totalidade dos treinos, títulos, assistências e gols; produtividade
individual e coletiva; plano de carreira e estabilidade, entre outros
aspectos. Tudo isso não exclui as máximas do mercado e do futebol
em si, de quanto melhor for o jogador, mais ele ganhará, mas o mesmo
mercado pode se enganar, como é visto no livro Monneyball (também
filme), devendo-se deve se observar ao mesmo, suas transferências e
segredos. O importante é que tenhamos uma consciência clara de que
muitas situações existentes podem ser modificadas, fundamentalmente
se forem baseadas em uma clara política empresarial para o clube, e
depois, uma consistente montagem do elenco e a contratação de quem
irá comandar a ponta deste esquema, o treinador da sua equipe,
assuntos estes que irei focar no próximo post.
Ubique,
Flamengo!
Somos
Flamengo,
Vamos
Flamengo!