Buongiorno, Buteco! Todos nós, da Nação Rubro-Negra, acalentamos o sonho de conquista da América do Sul desde 1981. Contudo, o ano de 2012 começou bem difícil, pois, como se não bastassem os complicadíssimos métodos e conceitos de Vanderlei Luxemburgo, "mix" de (des) treinador e manager do Flamengo, seu trabalho foi inegavelmente sabotado por uma guerra política que travou com a Diretoria, especialmente com o VP de Finanças Michel Levy, e com a "estrela da companhia" - Ronaldinho Gaúcho, vulgo "Bronha" ou "Homem de R$ 1.250.000,00" , na qual não faltaram reportagens acusatórias de um lado contra o outro e muita fofoca. Infelizmente, os reforços pedidos pelo treinador (no geral, uma boa lista, embora seja possível discordar de um ou outro nome) não vieram e tudo o que se fez foi uma razoável preparação física para a partida na altitude de Potosí, tendo as partes tática e técnica sido fortemente prejudicadas. Seguiu-se daí a queda de Luxemburgo, a contratação de Joel Santana e, no meio dessa sucessão de confusões, o time vem se arrastando com atuações medíocres, que deixam a Nação preocupada quanto ao futuro na competição mais importante do ano.
Tudo parece conspirar contra o objetivo da torcida: o esquema tático, que já dava sinais claros de falência no segundo turno do Brasileiro/2011, esse ano "respira por aparelhos"; os jogadores que, ano passado, já se mostravam como "ex-jogadores em atividade", hoje aproximam-se de forma física inadequada para torneios de categoria master ou sênior; o Departamento Médico está lotado de jogadores contundidos; o elenco tem carências evidentes em algumas posições e é composto, em sua maioria, por atletas advindos das categorias de base, os quais formam uma geração da qual o clube deve sentir orgulho por sua trajetória vitoriosa até aqui, mas que, no plano ideal, talvez não devesse ter a responsabilidade de conduzir o time em um torneio de tamanha envergadura como a Libertadores da América.
É evidente, portanto, que, diante de tamanho quadro de dificuldades, o Flamengo não tem a menor condição de se dedicar com sucesso a dois torneios simultaneamente. A decisão lógica deveria ser priorizar a mais importante, que é justamente aquela que o Flamengo não conquista há três décadas. Entretanto, em se tratando de Flamengo, é muito comum que as coisas não sigam a lógica, o senso comum ou a sensatez. Talvez seja por isso que, após a partida contra o Duque de Caxias, ontem pela Taça Rio/2012, Joel Santana, num autêntico ato falho, tenha revelado que a sua prioridade é o Campeonato Estadual, ao proferir a seguinte frase: "Se vencermos o Emelec daremos um salto importante na tabela e ganhamos moral para um clássico difícil que será contra o Fluminense."
Ora, e quem está preocupado com o Fluminense na Taça Rio? A preocupação de Joel deveria ser a preservação do elenco para a Taça Libertadores da América, até porque o Campeonato Estadual e os confrontos, mesmo com os chamados "pequenos", está dizimando o elenco do Flamengo com várias baixas, sem contar as decorrentes das idades avançadas de alguns atletas. A pior das baixas foi a do goleiro Felipe, contundido ontem.
Se até aqui as baixas podem de alguma forma ser remediadas, acaso atinjam determinados jogadores, especialmente aqueles com maior potencial decisivo no time (Leonardo Moura, Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love), representarão o fim das esperanças da torcida, ao menos esse ano, em reviver a conquista de 1981. A mero título de exemplo, o Flamengo não tem qualquer condição de disputar as fases mais avançadas da competição com Rafael Galhardo na lateral direita, com Deivid no comando de ataque, sozinho, ou apenas com Bottinelli e Camacho na armação das jogadas.
O momento exige que se tome uma decisão, nem que seja em nível de Diretoria. A pergunta é: há Diretores na Gávea com esse pensamento ou eles concordam com Joel Santana? Ou pior: eles acreditam que, com esse elenco, dá para ganhar as duas competições?
Duque de Caxias 1x2 Flamengo
Até a declaração de Joel após a partida eu achei que ele havia utilizado a partida de ontem para treinar o esquema tático que será utilizado contra o Emelec, mas na verdade tanto a partida contra o Duque de Caxias, contra a do Emelec serão, no que depender de Joel Santana, uma preparação para o Fla-Flu. Confesso que, até entender o caráter "preparatório" da partida de ontem, e mesmo partindo da premissa de que seria uma preparação para o jogo contra o Emelec, eu estava tentando entender o porquê do Camacho jogando como volante, mas aí eu tive que me render à realidade dos fatos e compreender que ele estava apenas esquentando o lugar do Renato Abreu, que para o desgosto de muitos deverá voltar ao time na próxima quinta-feira.
Falando do esquema, não vi qualquer sentido numa linha de três volantes, um buraco na frente dela e depois o Ronaldinho Gaúcho tentando se aproximar dos dois atacantes, Deivid e Vagner Love. É inegável que, especialmente no primeiro tempo, o time teve uma saída de bola rápida e ganhou muita velocidade e articulação nos contra-ataques, mas a verdade é que a distribuição dos jogadores no meio campo foi sofrível, não só pela falta de entrosamento, mas porque os volantes atuaram de forma muito estática, com certeza por determinação de Joel Santana, o que facilitou as ações do Duque de Caxias. Isso não impediu Muralha, Luiz Antonio e Camacho de mostrarem grande categoria e desenvoltura nos passes, em esporádicas e isoladas situações do jogo. Ainda assim, é importante que se frise que esse time, com esses jogadores, apesar da formação tática confusa e medrosa, é bem mais arejado e agradável do que a com os medalhões que vinham atuando.
Na defesa, González estreou bem, David Braz teve uma atuação segura como há tempos não tinha, porém nem tudo foi positivo, pois Rafael Galhardo mostrou-se não uma avenida, mas uma autêntica autoban alemã, com quatro faixas de rolamento muito bem pavimentadas e sem limite de velocidade. O cara simplesmente não marca ninguém, é driblado com grande facilidade e sequer demonstra gana para correr atrás do atacante adversário. Sua falta de disposição contrasta com a idade e com a oportunidade que está recebendo de atuar num clube do tamanho do Flamengo. Sua atuação foi de tal forma preocupante que deixa a impressão de que Leonardo Moura realmente não possui um reserva minimamente qualificado para a posição.
No ataque, pende de explicação convincente o porquê de Negueba, com sucessivas atuações pífias, ser o único dos jovens talentos a ter oportunidades, em detrimento de Thomaz, principalmente, que nenhuma tem, e de Diego Maurício, quem possui mais tempo de profissional.
Finalmente, as estrelas. Ronaldinho Gaúcho teve mais uma atuação apagadíssima, ao meu ver muito aquém do que pode render. Outra grande decepção. Já Vagner Love deixou mais uma vez a sua marca e teve dificuldades pela falta de articulação da equipe em vários momentos.
A nós, torcedores, resta a vã esperança de que os jogadores queiram mais a Libertadores do que o Estadual e que encarem o confronto com o Emelec com a seriedade que ele merece. No que depender de mim, lanço a campanha: Prioridade para a Libertadores e Reservas no Fla-Flu!
Bom dia e SRN a todos.