Razão e emoção não cabem na mesma frase na cabeça de alguém, principalmente na de torcedor. Essa premissa fica cada vez mais evidente em meu cérebro rubro-negro, pois tenho gostado mais do atual Flamengo, que continua jogando mal, pior do que aquele outro que chegou entre os primeiros no Brasileirão passado, classificando-se para esta Libertadores, com o agravamento de considerar Joel Santana um treinador muitos furos abaixo do Luxemburgo.
A conclusão de imediato a que chego é a de que se no comando técnico pioramos, dentro de campo melhoramos no conjunto da obra, demos um interessante salto graças aos deuses do futebol que afastaram, de uma tacada só, o trio predador do meio de campo. Quem sabe não foi um deus enviado pela cúpula da "Rio+ 20" que será realizada em complemento a Rio-92? Os mistérios habitam a Gávea, do contrário, o Flamengo já estaria falido e disputando a série C do Campeonato Brasileiro se não reagisse, sabe-se lá como, aos desmandos, desserviços, incompetência administrativa, irresponsabilidades fiscal e patrimonial, tempestades de reengenharias financeiras fracasadas que assolaram o clube nos últimos 20 anos quando, mesmo com tudo isso sobre os ombros, ganhou dois Brasileiros, duas Copas do Brasil, uma Mercosul e nove estaduais, quase 50% dos disputados. Reforça a tese o grito de guerra do presidente Marcio Braga, em fevereiro de 2009, através do já famoso "Acabou o dinheiro!" e no final do mesmo ano fomos Hexacampeões Brasileiros sob a batuta de jogadores, em boa forma, reunidos num mesmo elenco, como Petkovic, Adriano, Bruno, Leo Moura e o incrível Ronaldo Angelim, renascido para o futebol com a chegada do Fábio Luciano, em agosto de 2007, quando vinha sendo destruído pelo não menos incrível de triste memória técnica, Irineu (Argh!!!).
Escrevi "tenho gostado" e "continua jogando mal", mas não concluam que fiquei maluco, pois vejo potencial na atual formação imposta ao treineiro de plantão, embora o mesmo venha fazendo força para atrasar o processo de renovação ao voltar paulatinamente com os trogloditas que nos levarão ao precipício, se retornarem ao time ao longo do ano, como fez domingo na partida contra o poderossímo Friburguense ao escalar três volantes que, somados à defesa, levam à inaceitável marca de sete jogadores de contenção, de acordo com as nomenclaturas em vigor. Medo de quê, retranca por quê? Um time reserva do Flamengo tem a obrigação técnica e moral de vencer o bravo time de Friburgo, aqui, lá ou em Teixeira de Castro, jogando até no antigo 4 - 2 - 4, de uma época em que imperavam absolutos no meio de campo os ídolos Carlinhos e Nelsinho.
Luiz Antônio e Muralha já se impuseram como titulares. Se forem encaminhados para o banco de reservas é melhor o Flamengo redirecionar Joel Santana para o olho da rua.O terceiro jogador a entrar nessa roda tem a cara do Camacho, que terá a chance de ouro de se firmar definitivamente como titular. A faca e o queijo estão em suas mãos, é pegar ou largar. A quarta vaga no meio é reservada para Ronaldinho Gaúcho, por direitos adquiridos no passado, não pelo que vem jogando ou focando como fazem as focas, muito embora seria melhor se o termo fosse o do verbo focar no sentido de estar atento às suas responsabilidades profissionais, o que não faz há bastante tempo, agora com a cabeça afagada pelos braços do destreinador (Ave Gustavão!). Mais sentido falar-se em irresponsabilidade profissional do Gaúcho, que vai lhe custar pagar os juros de ser excluído com justiça da próxima Copa do Mundo, a qual poderia ser o coroamento de sua carreira de jogador de futebol, mas veremos o seu triste encerramento considerando a curva atual do seu descompremetimento com a vida adulta.
Na frente temos o alegre e competente rubro-negro Vágner Love, esbanjando categoria, vontade e orgulho de atuar pelo Flamengo, havendo um lugar vazio por ali que poderia ser ocupado pelo Diego Maurício. Este destruiu meus argumentos de que era mais um injustiçado por não ser aproveitado, já que despreza solenemente as chances que a vida lhe oferece de mãos beijadas para fazer fama no mundo do futebol sendo ídolo da nação que veste vermelho e preto. E as oportunidades sabemos que não perdoam, são como as flechas depois de lançadas e, caprichosamente, não voltam mais. E ainda restam outros meninos para serem devidamente lapidados, cada um em seu ritmo de crescimento, cada qual a seu tempo, indo e vindo dos profissionais até se firmarem como uma rocha no time de cima, sem permitir sequer ao técnico iníciar um pensamento para sacá-los da equipe tendo em vista a conquista obtida com atuações convicentes.
E assim, creio que o Flamengo está encontrando o seu caminho através da abençoada renovação forçada, sem planejamento algum, o que não lhe tira o caráter de rejuvenescimento de sua equipe principal. E que Joel Santana não atrapalhe com suas absurdas retrancas.
SRN!