Confesso que gostei do conjunto da obra que revestiu o Flamengo de domingo, na partida contra o Duque de Caxias, pouco me importando o placar do jogo e sendo bastante tocado, como há bastante não me sentia em relação ao clube pelo qual escolhi passar os meus dias na Terra torcendo, pelo clima de renovação imposto pelo acaso, e já era tarde demais, depois de perder os dois primeiros meses do ano andando para trás com o mesmo de sempre. Não fiquei satisfeito com a forma como os brucutus do meio de campo foram substituídos, através de lesões, pois desejo o bem físico e espiritual de todos eles, porém, preferia que as ausências decorressem de decisões técnicas do nosso atual treinador, mas este parece não pensar da mesma forma que grande parte da torcida, esperando que mãos invisíveis forcem a entrada dos meninos campeões nos juniores. Muitos alegam que provavelmente não dê certo a promoção com grande carga de responsabilidade nas costas dos garotos, sendo uma preocupação que realmente procede, mas segue deixando um pergunta como resposta: E tem dado certo com os medalhões? Pra mim, fica como saldo a renovação plantada a bíceps pelos deuses, quando a mesma poderia ser realizada gradativamente, o que não foi realizado por aqueles que mandam no futebol rubro-negro.
Na posição de torcedor e bem paciente, não vejo mais as mínimas condições para Aírton, Willians, Maldonado, Renato Abreu, Bottinelli, Gustavo e Welliton serem jogadores do Flamengo. O prazo venceu, as oportunidades escorreram pelos pés e não foram aproveitadas nem na sobrevida de uma Taça Guanabara enfrentando vários dos piores times do futebol brasileiro, quando a mediocridade daqueles jogadores floresceu até com a bola nos pés sem adversários por perto. Chega de meio-campistas que, para matarem um bola, passá-la para um companheiro a 10 metros de distância, precisam dar 4 ou 5 toques na gorducha a fim de que ela fique do jeito que o pé precisa, e passam geralmente errado, completamente errado, tristemente errado. Para os que viram Andrade, Carpeggiani, Adílio, Zico e Petkovic naquele meio de campo, apenas para citar alguns, a tolerância com os atuais trogloditas do futebol do Flamengo foi alta demais, passou do limites aceitáveis, quando até carrinho ofensivo foi alvo de apalusos pela claque obediente aos comandos do clube.
Hora e vez de Luiz Antônio, Muralha, Thomás, Camacho, Adryan, Diego Maurício (este definitivamente) e cia serem misturados aos profissionais e cada qual tirar o maior proveito possível da maior chance de suas vidas para emergirem no cenário que pode levá-los a um novo patamar na profissão, trazendo benefícios ao Flamengo nessa via de mão dupla. Novamente, alguns torcedores podem colocar em dúvida o sucesso da missão, mas como não tentar decolar com essas promessas se o time está perdido, sem eira nem beira? Chega-se a um momento da vida que é aquele de comer os morangos, como bem lembra o educador e poeta Rubem Alves. Se não acontecer de um jeito, tenta-se de outro, mas é inegável que é preciso mudar e as últimas 50 partidas disputadas nos mostram claramente essa necessidade. Na década de 80 do século passado, o técnico do Vasco da Gama, Antônio Lopes, substituiu uns cinco jogadores do seu time para disputar uma final contra o Flamengo. Infelizmente, pra gente, ganhou o jogo e consolidou a promoção de vários jogadores que fizeram história no time da colina histórica, entre eles, Geovani, que veio a ser um craque da bola. Lopes teve o seu dia de comer morangos, aproveitou e fez a festa.
E amanhã será dia do Flamengo comer essa fruta silvestre, rica em minerais e vitaminas, contra o Emelec, do Equador, valendo pela Libertadores. Tudo o que se espera é uma atitude positiva do Joel Santana mantendo a garotada, com o time oxigenado, jogando essa partida,de caráter internacional, com a cara do Flamengo em campo, tocando a bola com paciência e objetividade, dando pressão no adversário, que jogará longe de seus domínios. Tudo o que se espera da torcida é outra atitude igualmente positiva, apoiando o time e entendendo que renovar é preciso, mesmo tendo ficado um pouco tarde para isso, mas que não há como e nem porque fugir de tal situação criada em função da inércia caracterizada pela manutenção por tempo demasiadamente excessivo dos medalhões, acima descritos, no time.
Gol neles, Mengão, sempre!
SRN!