terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Com quantos paus se faz uma canoa?

Visitei ao site do Flamengo e de grandes clubes (Corinthians, Cruzeiro, Bayern de Munique, Real Madrid, Arsenal, Chelsea, entre outros) procurando saber como funcionam estruturalmente, de quantos profissionais precisa um clube para operar em alto nível desportivo e empresarial atualmente. De antemão posso dizer que fiquei muito impressionado com Chelsea e Corinthians. O clube inglês é completo em termos de estrutura, como empresa e o clube paulista está muito à nossa frente, infelizmente, porque com a ajuda de ilustres torcedores (Washington Olivetto no marketing, por exemplo) e a passagem de Ronaldo, muito foi aprendido e implementado. A profissionalização dos clubes deve ser para ontemquem não profissionalizar ficará para trás. A presidenta disse há pouco tempo, que o clube tinha algo em torno de 500 funcionários, não sei se é suficiente, se eles estão bem distribuídos ou se são qualificados para suas funções específicas. O Flamengo tem o porte de uma multinacional do esporte e deveria ser tratado como tal. Tentarei despretensiosamente calcular/listar o que seria necessário:

Futebol Profissional
  • Diretor-executivo, Gerente, Supervisor, assessoria, especialista em logística, especialistas em Marketing;
  • Comissão Técnica: Diretor técnico (Treinador), dois auxiliares técnicos, treinador de goleiros, um treinador de ataque e finalização, um treinador de defesa e posicionamento, observadores técnicos (olheiros);
  • Comissão Médica: fisioterapeutas, médicos (cardiologista, ortopedista, dentista, nutricionista, psicólogo), enfermeiros, assistente social;
  • Comissão Atlética: três preparadores físicos, fisiologista, especialistas em biomecânica;
  • Comissão de Alto nível: especialistas em tecnologias (tipos de treinamento, gravação e edição de jogos e treinos, etc.), cinegrafista, especialistas em estatística, especialista em TI e especialistas em softwares;
  • Atletas: no máximo 34 (três equipes + 4º goleiro);
  • Outras funções: massagistas, roupeiros, assessores de imprensa, podólogos, almoxarife;
  • Administrador do CT e ao menos 20 auxiliares administrativos e estagiários para todo o departamento de futebol;

Categorias de Base do futebol
  • Diretor Geral, cinco assessores (um para cada equipe, sub-21, sub-18, sub-16, sub-14, sub-12), Gerente Administrativo, Gerente Técnico, Coordenador técnico geral, Coordenador do Departamento Médico da Base, especialista em infraestrutura, especialista em biomecânica para toda a base, podólogo, olheiros;
  • Um profissional para cada equipe: supervisor, treinador, auxiliar técnico, preparador físico, preparador de goleiros, treinador de ataque e finalização, um treinador de defesa e posicionamento, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, fisiologista, massagista, roupeiro;

Futsal, Futebol de areia e Escolinhas (dentro do clube, não as franqueadas)
  • Como na categoria de base do futebol, um profissional para cada equipe: supervisor, treinador, auxiliar técnico, preparador físico, preparador de goleiros, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, massagista, roupeiro;
  • Detalhe a ser ressaltado até o sub-16 integração total das três modalidades de futebol, que treinariam juntas para uma melhor formação técnica dos atletas.
Apenas para o departamento de futebol do clube seriam necessários algo entre 200 a 250 profissionais. Posso até ter exagerado um pouco, mas algumas funções que descrevi sequer existem atualmente, mas em outros clubes, sim. Tentei não incluir serviços terceirizáveis  

Esportes Olímpicos

A estrutura montada por João Henrique Areias para o Flabasquete, em 2009, nos dá uma bela noção de como profissionalizar e organizar de cima para baixo. Os esportes olímpicos, em minha opinião, precisam de uma estrutura única, separada do clube social e baseada no modelo de franquia polidesportiva americana, atendendo perfeitamente as necessidades das modalidades, com um quadro funcional mais enxuto e eficiente. Este projeto  seria possível com a construção de um CT olímpicofora da Gávea ou a TOTAL reestruturação dela. O ideal é que fosse comprado um terreno ao lado do CT do futebol, o Ninho do Urubu permanecendo apenas as escolinhas e as competições oficiais nos aparelhos do clube, na Gávea. Um exemplo do modelo a que me refiro está no programa Expresso do Esporte, do Sportv com Marta e Maurine, ambas da seleção brasileira de futebol e que jogaram nos EUA.

As atletas apresentam os locais de treinamento com os esportes alojados em um grande “hangar”, com sub-divisões para cada modalidade especifica e o locais "gerais", como uma grande academia que serve a todos. Poderia ser perfeitamente adaptado para nós, num modelo de gestão poliesportiva diferenciada no Brasil. Atualmente são cinco módulos esportivos profissionais competitivos além do futebol: Basquete, Canoagem/Remo, Desportos aquáticos (Natação, Polo Aquático e Nado Sincronizado), Judô e Ginástica Olímpica. Fosse eu o presidente, trataria cada módulo como unidade de negócio independente, exatamente igual ao modelo americano, sendo cada um responsável por sua própria renda e patrocínios. Voltando ao quadro, as comissões técnicas das modalidades seriam mistas, com funcionários específicos e gerais, que trabalhariam para o clube como um todo.

Geral:
  • Junta médica como a do futebol, para os olímpicos, completa
  • Estrutura montada pelo Areias, já explicada pelo link acima.
Específica para cada modalidade profissional:
  • Comissão Técnica: Treinador, auxiliar técnico, observadores técnicos;
  • Comissão Médica: fisioterapeuta, médico, massagista;
  • Comissão Atlética: preparador físico, fisiologista, especialista em biomecânica;
  • Comissão de Alto-nível: especialistas em tecnologias, cinegrafista, estatístico;
  • Atletas;
  • Outras funções: roupeiro, assessor de imprensa;

Logicamente, algumas funções me escaparam na descrição, ainda assim me surgem perguntas: o Flamengo sabe quantas pessoas trabalham no clube? Quem são elas e que funções elas executam? Pelo que ouvi dizer nem existe setor de RH ou coisa que o valha, uma vergonha!  Dentro de um orçamento especulado em quase R$ 200.000.000,00 faria muito bem ao clube se iniciasse o trabalho com um setor de marketing formado por pessoas que conheçam ao mercado, se possível advindos de lá, trabalhando em prol do clube. Esta maquina funcional pode até ser custosa, mas se paga com o aumento de produtividade e o ganho na qualidade do trabalho. O grande problema, já que não existe RH, são os aspones (Assessores de porcaria nenhuma) sem competência para os cargos, apadrinhados politicamente. com o que existe lá, hoje, será possível montar uma estrutura COMPLETAMENTE profissional? O Flamengo hoje parece um barco à deriva! Com quantos paus se faz uma canoa? Que não fique à deriva e não afunde, por favor.

Somos Flamengo, Vamos Flamengo!