O título de Campeão Mundial de 2011 caiu sob medida para o Barcelona, como um terno cortado pelas melhores tesouras da moda, obedecendo plenamente ao fundamento contido no livro do futebol, no capítulo de introdução referente aos seus conceitos básicos, artigo nº 1, que trata do passe para a obtenção da chamada "valorização da posse de bola", que com os catalães em algumas partidas chega à íncrivel marca dos 75%. Como se fosse uma irmã siamesa, a posse depende do passe como uma planta precisa de ar. E de passe bom, daqueles que basta um toque para domar e colocar a redonda do jeito para ser repassada se quem a recebeu não quiser passá-la de primeira;
Acrescente-se à excelência de passar com precisão a bola para um companheiro as virtudes paciência e categoria, para fazê-lo no momento certo e realizar a conclusão em gol quando a certeza de sucesso for quase absoluta. Daí temos o bolo pronto com a devida cereja a enfeitá-lo para a alegria dos amantes do futebol bem jogado, que viram logo no começo do último domingo um baile de bola à moda antiga, faltando apenas no salão verde em Yokohama gente comparável aos gênios Leandro e Júnior, pelas laterais do campo, para levar a distinta platéia a pedir bis, em pé, com lenços brancos desfraldados nas mãos;
Tento enfiar uma palavra em profundidade, com efeito, por trás das frases, para fazer a ligação dos conceitos expostos com o atual time do Flamengo, objetivo maior sempre presente em minhas relações com o futebol, mas pressinto que não cabem nas mesmas orações um passe feito com talento e o trio Aírton, Willians e R11, e me sinto cometendo uma heresia ao introduzí-los nos comentários sobre a dança bem dançada com as cores rubro-anil. Sei que corri um risco imenso em perder a posse de bola para o adversário e sofrer um rápido contra-ataque, levando o 1º gol contra nestas linhas ou, então, terei que ocupar mais uma vez os craques da epopéia dos anos 1980 para me salvarem de levar uma goleada histórica;
Se não toco a bola para os maltratos do trio e deixo em merecida paz os artistas que escreveram o passado com letras de ouro, estou no dever de cobrar de D. Paty e do técnico Vanderlei Luxemburgo procedimentos compatíveis com os objetivos alardeados aos quatro ventos para apaziguar os ânimos com a possível (e confirmada) perda do título de Campeão Brasileiro de 2011: "O objetivo é uma vaga na Libertadores", pregava bem afinada a dupla. A Libertadores é bela e estamos dentro dela, mas agora queremos time, D. Patrícia. Onde estão os novos contratados para satisfazer com honra a meta alcançada? O alerta vale igualamente para o Luxemburgo, lembrando-lhe que já tem jogo marcado no morro, em Potosí, há 4 mil metros de altura. Com que time nós vamos dar continuidade ao "pojeto"?
Há um mês eu dizia que tudo não passava de um jogo de espelhos para acalmar a torcida, que ansiava pelo hepta. Ou era era uma rede esticada entre duas árvores que o Flamengo queria ao anunciar a luta pela tal vaga, afinal conseguida?
SRN!