Chegamos ao mês de Outubro, mês de São Judas Tadeu, padroeiro do Flamengo, mês que deve ser o da arrancada final, como em 2009, da consolidação da campanha. Acredito ainda, mesmo com tudo que penso e vejo de errado dentro do time vejo qualidades nele, mesmo com crises dentro do clube, no futebol do clube. Se não houvesse nada disso não seria o Flamengo. Vou voltar a assuntos que me incomodam porque há poucos dias atrás foi criada a Ouvidoria do clube que dá a possibilidade da participação direta dos torcedores, investidores, parceiros e sócios de se pronunciar, um canal direto para o avanço do clube como um todo. A tarefa é dura e minhas ideias passam pela fé que eu tenho em um Flamengo melhor. Sei que minhas ideias são de difícil execução por se tratar de mexer com o quadro político atual na Gávea e o estatuto do clube. Difícil, muito difícil! Antecipo aqui: são textos longos e não queimem depois de ler!
Separação do clube social e esportivo e profissionalização efetiva
Com aproximadamente 9.000 sócios, 5.000 ativos, em condições de votar, dividir, compartilhar o poder fica muito difícil uma renovação de ideias e a ampliação do quadro social e das receitas, apesar de sermos uma nação de 35 milhões de pessoas. Quanto mais gente, mais ideias, mais descompromisso com a “ruindade” e compromisso com a competência para gerir esta torrente. A mudança deve ser estrutural, providencialmente política e da gestão administrativa para se tentar alcançar a excelência esportiva, patrimonial e econômico-financeira com o binômio torcida/cliente dentro do clube, consumindo e retroalimentando o sistema. Para o desenvolvimento do clube é melhor que se modifique o estatuto, separando o clube desportivo do clube social para que se reescrevam os papeis e as funções das vice-presidências e dos conselhos do clube. Estes teriam regras mais claras e objetivas e eleições com seus cargos rotativos, com eleições anuais. Isso tudo só será possível com a mudança ou a criação de um novo estatuto para o clube.
O único jeito de se profissionalizar é tornar rentável o clube inteiro. A inclusão de novos sócios é importantíssima e só com a mudança do estatuto vejo um possível aumento do quadro social. A divisão administrativa do clube se daria com os cargos não profissionais sendo eles: presidência, vice-presidência geral, vice-presidência da Gávea (clube social), vice-presidência desportiva. Os conselhos (também não profissionais) não teriam mais o poder de travar as atividades comerciais apenas fiscalizar e punir as irregularidades, se possível com sanções duras e obrigação de pagamento de qualquer dano, principalmente os com os bens do culpado. A ideia é de se enxugar o organograma não profissional, simplificando a burocracia estatutária atual. É importante que seja criado um conselho consultivo não profissional, ligado a presidência, que daria as diretrizes às novas diretorias profissionais junto com as vice-presidências.
Novos sócios-torcedores, novos sócios do clube social, profissionalização dos esportes olímpicos e do quadro de funcionários, um modelo de negócios e estrutura gerencial seriam implantados via um novo estatuto. Os conselhos seriam mais ágeis se fossem eleitos 10 membros anualmente, sem direito a reeleição, evitando o continuísmo e reuniões longuíssimas e confusas, criando agilidade administrativa, com prazos curtos para decisões. A vice-presidência geral teria que responder diretamente a todos os conselhos existentes, sendo ela também o elo entre os outros módulos do clube em sua administração. Para isso seriam criadas 10 novas diretorias-executivas profissionais com gente do mercado ou seleção aberta.
As diretorias profissionais seriam Patrimônio, Jurídica, Pessoal, Fiscal, Operacional, Financeiro-comercial, Flá-Gávea, Olímpicos, Futebol e Agência-Fla para propaganda, marketing e relações publicas, uma agência de marketing independente que servisse ao clube como um todo. A Fiat, por exemplo, tem uma agência, a Agência Fiat que cuida do seu marketing interno e externo, mesmo quando fazem parcerias em campanhas publicitárias, há uma identidade administrativa, uma ideia clara dos objetivos da empresa e seu perfil. Um espelho para esse “Novo Flamengo”. A intenção é de que a Flá-Gávea, a diretoria Olímpica, Futebol e Agência-Fla sejam orçamentadas e geridas separadamente e sejam independentes em sua gestão e interdependentes nas relações com a vice-presidência geral, como acontece em grandes empresas, transformando o futebol e os esportes olímpicos e a gestão do clube social em atividades autônomas. As outras diretorias seriam ligadas a vice-presidência geral.
Um clube do tamanho do Flamengo é uma grande empresa e precisa de um quadro de funcionários organizado. Em meus cálculos rasos aproximadamente 500 funcionários, senão mais serão necessários, sem contar os atletas que são “funcionários-patrimônio” (podem-se terceirizar alguns serviços, mas os essenciais de administração, não). Um grande exemplo para nós é o Barcelona que é um clube-empresa, mas não é uma S/A. O Flamengo é uma força da natureza que deve se conhecer por dentro. A proposta possível hoje é a que publico, mas meu pensamento concreto é de que o Flamengo deveria ter um dono como Manchester United ou Chelsea e ter ações na bolsa de valores como o Roma ou gerido por uma “Fundação Flamengo” que acabaria com as dividas pregressas, iniciando praticamente do zero, mas isso é outra discussão. No próximo post escreverei como funcionaria a gestão dos esportes olímpicos separados do clube social com um detalhe importante: as ideias descritas abaixo serão enviadas para a ouvidoria do clube e aguardarei resposta. As ideias serão reveladas em partes, por aqui.
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!