quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Copa do Mundo 2014

Por Carlos Mouta

Quem pensa em curtir uma vida tranquila nas 12 cidades-sedes da próxima Copa do Mundo, a partir de 1º de janeiro do próximo ano, pode tratar de tirar o boi da sombra ou o cavalo da chuva, pois virá pela frente atropelamentos de legislação, prazos, etapas e organogramas em todos os ramos de atividade que envolvem a (de) organização do mega-evento, para o qual o Brasil pleiteou a responsabilidade de sediar e para ela foi escolhido no já longínquo 2007, portanto, com mais de 60% do tempo transcorridos e pouco de 30% das obras realizadas para a modernização dos estádios, aeroportos, transportes urbanos, ou seja, grandes empreendimentos de infra-estrutura conforme requerido pelos cadernos de encargos distribuídos antecipadamente pela Fifa a todos os países candidatos.

Haja coração para suportar tanta emoção em menos de 3 anos até o pontapé inicial de abertura da Copa no país onde tudo cabe dentro de um jeitinho pra lá e um puxadinho pra cá; Muitos críticos consideram a entidade-mór do futebol mundial como extremamente exigente em todas as relações que envolvem o evento e, creio, não deveria ser de outra forma. Primeiro, o Brasil se apresentou voluntariamente, não tendo sido apontado ao acaso para bancá-lo, e sabia dos requisitos pertinentes ao espetáculo tendo, inclusive, acenado com a possibilidade de se utilizar de recursos privados para arcar com a maior parte dos custos para patrociná-lo, o que (nenhuma surpresa!) acabou não acontecendo, principalmente quantos às reformas e construção dos estádios. Apenas para citar um exemplo do que ocorre na minha cara, o Maracanã começou com um orçamento em tôrno de 600 milhões de reais para a sua transformação, poucas marteladas depois já passa de 1 bilhão de reais a empreitada. Sem acrescentar a outra recente conta decorrente da revitalização para o Pan-Americano de 2007; Durma-se com o barulho dessa britadeira, verdadeira furadeira de orçamentos feitos na base do "deixa comigo";Na semana passada, os patrocinadores do Mundial, através da Fifa, se mostraram surpresos com a proibição da venda de bebidas alcóolicas nos estádios e do instituto da meia-entrada concedida para jovens, estudantes e idosos, estes considerados como tal a partir dos 60 anos. Segundo o jornalista e acadêmico Merval Pereira, a maior parte das nações estabelece o benefício após o cidadão atingir os 65 anos de idade, tendo em vista o crescente aumento da expectativa de vida e é preocupante saber que o Congresso aprovou, nos últimos dias, o Estatuto da Juventude o qual amplia as vantagens para os jovens até o limite de 29 anos, inclusive, para desespero dos responsáveis por eventos de todos os tipos, do cultural aos esportivos. Evidentemente, os custos do agrado, cairão sobre os fortes ombros da população que navega nas ondas dos 30 aos 60 anos;

A consequência lógica provocada por esse desenho administrativo é simplesmente "mais do mesmo" pra cima do bolso sem fundos do sobrecarregado contribuinte. Num exercício primário da aritmetica ensinada pela paciente tia Lucinha, constata-se facilmente sem grandes esforços neuronais que, se a Administração Pública mantém ou almeja aumentar rotineiramente a arrecadação federal, ao diminuir o universo pagador em uma ponta, acrescenta uma bela facada no bolso dos não-contemplados com a benesses distribuídas. Nenhuma surpresa! A novidade seria a melhoria da gestão dos recursos públicos ou a Autoridade dar um basta na recorrente mania dos governantes de plantão em fazer graça com o dinheiro alheio. Melhor pular para a página 239 desse livro...

Para a Fifa todos têm que pagar para usufruir do seu espetáculo e bate de frente com a legislação vigente considerando que é tênue a linha que separa essa intromissão da nossa soberania o que, evidentemente, não deve e nem pode ser afetada; Talvez a melhor saída seja suspender provisoriamente, durante o período da Copa, essa esdrúxula legislação numa simples negociação com o Congresso Nacional;

Apesar dos pesares penso que o Brasil, ao final das contas extrapolads e correrias desnecessárias, apresentará ao mundo um evento organizado como já ocorreu de outras vezes com a Eco-92, Cimeira, Pan-Americano e, há duas semanas, com o RIR-2011.

E, para não passar em branco, logo mais, vamos em frente Flamengo, 50 pontos estão logo ali.

SRN!