quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tempo/ time

Os críticos de futebol formam uma linha de frente na constatação de que esse esporte da Copa de 1982 p'ra cá, e lá se vão praticamente 30 anos, apenas foi afetado pela mudança representada pelo ritmo mais intenso do jogo, graças ao aprimoramento da preparação física dos jogadores e que levou a reboque a marcação com maior rigidez dos mais talentosos, que passaram a dispor de menos tempo e espaço para a criação e finalização das jogadas por eles elaboradas. Isso não significa de maneira nenhuma afirmar, como exemplos, que um Andrade ou um Leandro não seriam, nos dias de hoje, os craques que foram ontem, pois teriam igualmente evoluído no aspecto físico desde as divisões de base e, assim, jogariam muito bem com maior ritmo, usando com mais dinamismo o talento existente em cada um;

Se esse jogo de bola não sofreu sequer modificações além de algumas marolinhas em seu regulamento como foi o caso do seu primo de segundo grau chamado volei, mudanças táticas e/ou esquemáticas, como pode um técnico ser ou estar decadente em um período menor que 10 anos? É óbvio que me refiro a Vanderlei Luxemburgo, Pentacampeão Brasileiro de futebol, técnico que se tornou sonho de consumo de nove entre dez torcedores rubro-negros, que comeram o pão que o diabo amassou e pisou nas mãos de treineiros, inventores e estagiários, com a exceção de uns poucos profissionais do padrão de um Zagallo, desde que o competente Carlinhos deixou o cargo, no inícios do anos 90 após levar o clube a sagrar-se campeão nacional mais uma vez;


Com o casamento consumado entre o clube e o sonhado treinador, eis que em quase 70 partidas pode-se contar nos dedos de uma das mãos quantas vezes o torcedor voltou feliz para casa ou colocou a cabeça no travesseiro de bem com a vida em virtude de uma atuação convicente do time, "sob nova direção" desde outubro de 2010. Muitas vezes foi dormir alegre com o resultado obtido, mas a boa evolução do conjunto rubro-negro ficou para a próxima partida, contrariando a performance da equipe nas entrevistas pós-jogos concedidas pelo Luxa, nas quais todos os setores da equipe "bateram um bolão" em sua grande maioria;


A óbvia conclusão, por mais apoio que se dê ao treinador, é a de que um ano se passou e o Flamengo não tem uma maneira de jogar, não tem um time no sentido amplo da palavra, no qual possa encaixar um garoto da base num sistema de jogo, pelo contrário, quem entrar tem que fazer um "programa" para rodar , remember o 2º tempo contra o América MG;

E a medíocre mesmice vai se tornando o termo de "última moda" nos butecos e arquibancadas, derrubando as esperanças de que no próximo jogo será diferente, às vezes com o bom e indefensável argumento de que o time terá dez dias para treinar em função de um não menos bisonho amistoso da outrora glamourosa seleção brasileira. Mas volta pior do que saiu para o descanso e preparativos. Sabe-se que o Luxemburgo é o tipo de técnico que gosta de colocar o elenco para treinar, sobre isso não restam dúvidas, assim como é um profissional disciplinador, Willians e Diego Maurício que o digam, mas treina e as triangulações não aparecem, as tabelinhas só dão as caras nas páginas dos jornais online e impressos, a preparada saída rápida de bola vira chutão para frente e o repetido até a exaustão passe de bola cai nos pés dos adversários para a armação de mortíferos contra-ataques. E Felipe, que fez o torcedor esquecer o Bruno, que se vire para não ir buscar mais uma bola aquietada nos fundos das redes;


Toda essa labuta citada no último parágrafo pode ser traduzida como "horas perdidas, trabalho infrutífero", pois não rende em campo no momento em que prevalece a verdade das condições físico/técnicas de cada um para compor o conjunto preparado, como se fosse uma inflação negativa, a deflação que desemprega, isola para fora de campo as ilusões e tranca as roletas de empresas com grifes famosas e logotipos que brilham nas telas das bolsas de valores;


Pode ter ficado entendido que sou favorável à troca de treinador, mas não é verdade, passei do tempo em que julgava mudar tudo como num passe de mágica ao substituí-lo. Prefiro um ajuste no elenco quando o campeonato acabar, opto pela contratação de um competente executivo para o futebol com posição, na escala hierárquica, acima do Luxa para mostrar-lhe que isso ou aquilo está errado, que o caminho muitas das vezes é outro, o que não acontece nos dias de hoje;


Mas até lá, torço para que o time atualmente em 6º lugar vença suas partidas, aproveite as quedas dos rivais e os ultrapasse para ganhar de novo este campeonato, que não está difícil, basta ver que o Flamengo ganhou apenas 8 pontos dos últimos 33 disputados, tendo perdido 25 e está somente a iguais 8 pontos do líder da competição, depois da tempestade. E para manter a (i)regularidade, o líder vai tropeçar pelo caminho;


Mas para tal o Flamengo tem que vencer desde que esqueça a maldição de atuar com três volantes e um atacante. Isso é propaganada enganosa da Maria Derrota.


SRN!