Sinistro, muito sinistro!
Rodrigo Romeiro
Saudações Caros Butequeiros Rubro-Negros. Faltam adjetivos para qualificar negativamente o que foi a última semana no Flamengo. As coisas andam muito mal, dentro e fora dos gramados. Os bons resultados dentro do campo costumam ofuscar os aspectos políticos negativos, mas dessa vez, tudo veio à tona de uma só vez. Como um turbilhão de horrores. Pode até ser bom para nos tirar do estado de embriaguez. Sei que esse papo já está chato e batido, mas não podemos nos esquecer nunca dos últimos acontecimentos.
Esse ano comemoraremos 30 anos do título mundial, ou seja, do apogeu de uma geração que revolucionou o Flamengo. Depois de Zico e seus companheiros, o Flamengo nunca mais foi o mesmo. Fomos alçados a outro patamar e nos tornamos um time de expressão mundial. Uma geração de homens e jogadores fantásticos, que deverão ser lembrados eternamente. Qualquer homenagem que possamos prestar aos nossos revolucionários de 81, será irrisória diante do que fizeram por nós e pela nossa paixão.
Porém, ao contrário do que se espera de pessoas com um mínimo de bom senso, o presidente do conselho fiscal do clube tem a inacreditável ideia de desdenhar da geração de 81. Trata-se de um comportamento ingrato e inadmissível para um representante de um dos poderes do clube. Por atitudes como está, fica claro que ele não representa a Nação Rubro-negra e não pode presidir um órgão representativo do clube.
Como se não bastasse, na mesma semana, em um dia que deveria ser de festa, no lançamento da nossa terceira camisa, um dos rubro-negros mais influentes e queridos do Brasil, o publicitário Arthur Muhlenberg, blogueiro do Flamengo no globoesporte.com, é agredido covardemente, dentro das dependências do clube, por um conselheiro. Outro comportamento inadmissível e que não podemos nos esquecer por um só segundo. Tal ato deve ser repudiado veementemente e punido exemplarmente. A única solução é a expulsão.
Dentro do campo, as coisas também estão sinistras. O time não consegue vencer e tem sido dominado facilmente por todos os seus adversários. Ontem começamos o jogo com a escalação que considero a melhor possível. Mas, o primeiro tempo, foi desesperador. O Atlético quando estava com a bola, tocava, com facilidade, na nossa intermediária e criava algumas chances de gol, sem fazer muito esforço e demonstrando grande deficiência técnica.
Quando tínhamos a bola, não conseguíamos penetrar na defesa do Atlético e ficávamos tocando a bola, perigosamente, no meio de campo, entre os nossos zagueiros e os volantes. No máximo enfiávamos uma bola para o pivô, muito bem marcado, que dominava de costas e nada podia fazer. Ronaldinho estava bem marcado e não conseguia produzir. Tiago neves errava tudo que tentava, mais uma vez. Renato era o melhor em campo. Ou seja, foi um primeiro tempo desesperador.
No segundo tempo, o Atlético veio prá cima e até fazer o gol dominava facilmente o jogo. A partida continuava na mesma toada do primeiro tempo. Após o gol, o Flamengo passou a ser mais incisivo e a tocar a bola mais próxima do gol adversário. Passamos a dominar o jogo e conseguimos o empate. O time parecia que estava voltando a engrenar. Willians não errava tantos passes como nos outros jogos, Léo Moura estava com menos preguiça, Renato conseguia levar a bola prá frente e Ronaldinho, enfim, se desvencilhava da marcação. Ronaldinho voltava um pouco mais para buscar a bola. O time melhorava sensivelmente e a virada parecia possível.
Mas, quando enfim o time parecia querer jogar, apesar do Tiago Neves errar tudo que tentava, o Luxemburgo resolveu fazer duas substituições. Duas substituições que não alteravam o time taticamente, apenas mudavam as peças. Deivid e Negueba entraram pior do que estavam Tiago Neves e Jael. As substituições do Luxemburgo foram extremamente infelizes, pois o time tinha acabado de empatar, e parecia motivado para buscar a virada.
As substituições aplacaram a ânsia pela virada e o time voltou a ser dominado. Dessa vez não como no primeiro tempo, mas novamente era o Atlético quem dava as cartas e dependíamos de um agora inspirado Ronaldinho. Mesmo não jogando bem, a vitória só não veio porque o Deivid perdeu mais um dos seus gols inacreditáveis, e para o futebol limitado que jogamos, isso é fatal. É importante ressaltar que já são 10 jogos sem vitória e que o time do Atlético é muito ruim. Jogamos um futebol medíocre e aumentamos a nossa maior sequência sem vitórias na história do campeonato brasileiro.
As coisas vão muito mal dentro e fora de campo. Não podemos nos calar diante dos fatos absurdos que aconteceram na última semana e devemos lembrá-los sempre, até que as mudanças necessárias aconteçam. Não tenho dúvidas de que essas oscilações pelas quais o Flamengo passa, há muitos anos, são reflexo de problemas estruturais e da política interna do clube. Em um ambiente como o da Gávea, é difícil manter um grupo concentrado o tempo todo, cobrar profissionalismo e dar todas as condições para que os atletas possam praticar sua profissão. A situação no Flamengo é sinistra e toda vez isso acaba refletindo dentro de campo. Vivemos de lampejos e da força da nossa torcida, que muitas vezes decide passar por cima de tudo e todos, e carregar o time nas costas. Mas, na maioria das vezes, isso não será suficiente.