Buon Giorno, Buteco! O Flamengo, esta semana, prepara-se para, mais uma vez, como costuma ocorrer todo ano, visitar o Atlético/PR na Arena da Baixada, onde, na era dos pontos corridos no campeonato brasileiro, ou seja, desde 2003, ostenta o desagradável retrospecto de seis derrotas e um empate (0x0 em 2009, ano do Hexa ) em sete jogos. Desde 2003 foram 1x4, 1x2, 0x2, 0x1, 0x2, 3x5 e 0x1, sendo que, ano passado, ainda fizemos o "favor" de perder também em Volta Redonda, a primeira vez no Rio na história do confronto. Como acredito que só peru morre de véspera e que o Flamengo não tem vocação para peru, mas para Urubu, ave predadora e carniceira, que cresce é na derrocada dos adversários, ouso traçar algumas linhas a respeito da estratégia de jogo para domingo, 18:30h, na Arena da Baixada.
Durante a semana participei de interessantes debates com amigos a respeito da forma de jogar do Flamengo e de seus adversários. O amigo Maurício Pena, por exemplo, costuma frequentemente afirmar que os adversários do Flamengo jogam retrancados, o que dificulta a marcação dos gols. (Abro aqui um parêntesis para lembrar que o meu pai sempre me disse isso desde a minha infância, o que, aliás, pude constatar de fato acontecer durante a "Geração Zico" incontáveis vezes e depois também. Acho que durante os "anos de chumbo" que se sucederam a frequência diminuiu um tanto e hoje em dia essa premissa não pode ser aplicada em todos os jogos, mas isso não vem ao caso e vamos fechar o longo parêntesis). O amigo Augusto Mol ressaltou um ponto que considero muito interessante, o de que, aparentemente, ou seja, até aqui, esse time dar a impressão de que joga da mesma forma dentro ou fora de casa. Reparem que esse perfil dá o panorama, contra um Atlético/PR que ainda não pontuou, mesmo jogando em casa, do Flamengo começando a partida com amplo percentual de posse de bola. É o que eu acho que vai acontecer, ao menos até o primeiro gol na partida de domingo, seja quando ele ocorrer. E é aí que mora o perigo!
Já vi esse filme antes na Arena da Baixada! Tudo o que o Flamengo não pode fazer é cair na armadilha do "arame liso", ou seja, cercar, cercar, cercar e não machucar. Dentro desse retrospecto negativo, já vi vários jogos em que o Flamengo tomou a iniciativa da partida, parecia que era senhor do jogo e, em contra-ataques, tomou os gols e perdeu o controle. Não, amigos, não estou dizendo que o Flamengo deve fugir de suas características e não buscar o controle da partida nem a iniciativa do jogo; o ponto é: como fazer para sair na frente do placar? Como não tomar o gol de contra-ataque?
Ao meu ver, o primeiro ponto será muita disciplina tática, especialmente dos atacantes e meias ofensivos, que terão que marcar a saída de bola do Atlético/PR, ainda que a partir do círculo do meio de campo: se a tarefa ficar apenas nas mãos do Willians e do Renato Abreu, a coisa vai degringolar, se é que vocês me entendem... Tipo assim: Willians tomando cartão com vinte minutos de jogo, coisas do gênero.
Segundo: a escolha dos laterais. Se o Júnior César tiver ritmo de jogo, deve ser escalado por marcar melhor do que o Egídio; contudo, se for para escalar um jogador que precisa de ritmo de jogo, é melhor escalar o Egídio e pedir para ele ficar plantado. Perde-se partidas em detalhes como esse. E o Leonardo Moura? Está ou não recuperado?
Terceiro: zaga. Eu pergunto: o Angelim não tem mesmo condições de entrar nessa zaga? O Welinton e o David Braz parecem se revezar nas atrocidades e falhas grotescas jogo a jogo. Será que a experiência do Angelim não viria em boa hora? Será que ele está tão mal fisicamente? Se ele "pode" até jogar na lateral (!), onde, até plantado, com raízes profundas, corre-se bem mais do que um zagueiro, por que não na zaga, Luxemburgo? Dava pra explicar?
Quarto: coerência na escolha do centroavante. Numa boa, não se trata de simplesmente pedir o Diego Maurício porque ele "é melhor" do que o Wanderley, o que já seria motivo simpeles e bastante, mas quero deixar bem claro que não é o caso. O buraco é mais embaixo: o Luxemburgo precisa se decidir se quer que o centroavante se movimente pelo ataque e abra espaços para penetrações de outros jogadores, como Thiago Neves, Ronaldinho Gaúcho e Bottinelli, ou se quer que jogue fixo. Se, como temos visto pelos últimos jogos, a primeira opção é a preferida, então escale o Diego Maurício, pelo amor de Deus. Tenha coerência e não seja teimoso. O Wanderley só me parece ter utilidade se o jogo for no estilo do "abafa", ou seja, com bolas jogadas na área, onde ele pode trombar com os zagueiros e empurrar pra dentro.
Take Five!
Bom, como a coluna de hoje, acaba, querendo ou não (tipo "sem querer-querendo"), dando uma "cornetada" no Luxemburgo, acho justo que a "cornetada" seja em alto estilo. Então, nada melhor do que, para mim, o sax alto mais estiloso que já ouvi, tocado por, para mim, o maior de todos, Paul Desmond, interpretando a famosa "Take Five", de sua autoria, à época no "The Dave Brubeck Quartet".
Essa é pro Mengão ganhar de cinco no domingo!
Bom dia e SRN a todos.