quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vai que é tua, Luxa!

Os jornais de hoje me lembram que o Flamengo teve cinco diretores de futebol este ano. Longe de uma demonstração de um saudável inconformismo com os rumos tortuosos do time ao longo da temporada, o fato revela, pelo que sabemos, nada mais do que uma consequência das eternas brigas das seitas que dominam a Gávea, onde parece que todos os grupos estão errados ao mesmo tempo, buscando o poder dentro de um clube de futebol. Pobres moços, cantaria Lupicínio Rodrigues pela voz de Gilberto Gil ( http://www.youtube.com/watch?v=VX5whJl3tSc )

Uma coisa me leva à outra para contar a quantidade de treinadores que bateram ponto no CT, e que, no conjunto, perderam tudo que tinham o dever de ganhar: Quatro. A rigor, dois técnicos de verdade e dois estagiários. Destes e nestes, de triste memória recente, prometi ao Universo nunca mais falar e pensar tamanho os desgostos que me causaram.

Cá pra nós rubro-negros apaixonados, mas que espremem o cérebro antes de falar ou escrever alguma coisa na vida: o ano na sua totalidade não poderia dar certo. Passaram pelo Flamengo Adriano, Vágner Love, Zico e Luxemburgo e nada levantamos a não ser a banalidade do vexame. No papel, um esquadrão para fazer tremer os estádios e gramados por onde corressem e chegassem, mas quem tremeu fomos nós sempre confiando numa vitória nas piores circunstâncias possíveis e, em vinte e oito oportunidades no Brasileirão, o que sobrou foi gosto na boca de quem chupa um picolé de chocolate salgado da Kibon, quando não, saboreando um inssosso empate aqui ou ali.

Pulando de um galho para outro dentro da mesma árvore, ontem, o Parreira, a quem devoto uma grande admiração pelo seu conhecimento teórico de futebol, merecedor de um título de phd da UFRJ, afirmou que a culpada pelo fracasso dos clubes é a cultura predominante no Brasil, segundo os ditames da qual os treinadores não têm o tempo suficiente para trabalhar e desenvolver o potencial de uma equipe a longo prazo. Ôpa, calma lá grande mestre! A maioria dos treinadores tupiniquins, se ganharem quatro anos para trabalhar num clube, certamente o levará para a 4ª Divisão do futebol brasileiro, também chamada eufemisticamente de série D. Imaginem a desgraceira que aprontariam alguns desses professores no Flamengo? Melhor nem pensar para não estragar o alívio que sentimos desde domingo passado. O tempo, no caso, não sendo um conceito absoluto, não é suficiente para se montar uma equipe de futebol com os quinze requisitos básicos de que tanto ele fala. Há que existir competência para tal, o que poucos possuem como os multi-campeões Muricy Ramalho, Vanderley Luxemburgo, Felipão, Mano Menezes e por aí vai com mais "uma meia-dúzia de cinco ou seis" na lista.

E tempo terá o Luxa para fazer um time de futebol para o Flamengo, em 2011, já que disporá de praticamente dois meses até o início do Estadual. Poderá dispensar jogadores com calma e contratar outros seguindo critérios de qualidade, sem a pressão a que estava submetido até a última rodada quando vinha usando um elenco jogado em seu colo, e com ele tinha que se virar para tirar leite de pedra.

Desejo que, finalmente, o Flamengo não deite em berço esplêndido no próximo Estadual, que faça dele o prosseguimento da pré-temporada a fim de jogar para ganhar o Tri da Copa do Brasil e o hepta do Brasileirão. Se der para ganhar o campeonato da província a gente até comemora com satisfação e alegria. Se não der, vamos em frente, haverá coisas mais importantes adiante para colocarmos a mão no caneco.

SRN!