Meus amigos, como diria o botafoguense que eu mais respeitei na vida, João Saldanha, a situação não é nada boa. Jogos sem graça, time recordista em empates no campeonato, e aqui vamos nós, sem assunto realmente importante. Já escrevi aqui que o Flamengo não cai, e continuo com esta certeza. Mas as 3 vitórias que eu achava que iriam acontecer, porque o time está treinando e porque o técnico é um “técnico de verdade”, não se materializam. Para piorar, neste exato momento nosso próximo adversário, o Atlético PR, faz um gol sobre o Palmeiras de Felipão. O que prova que eles estão nessa situação (melhor que a nossa) por algum motivo. Mas nem isso serve de assunto nestes dias em que a motivação é pequena… Assim, resolvi fazer uma coisa que eu sempre quis fazer aqui no Buteco : Falar um pouco sobre a história do Flamengo. Tenho uma boa coleção de livros sobre o Mengão, e várias vezes quis escrever sobre estes livros, indicando para os amigos e detalhando de quais aspectos trata cada um destes livros. Hoje resolvi falar de algumas páginas do livro “Acima de tudo rubronegro” de Arturo Vaqueiro. O livro é uma preciosidade, e conta a história do Flamengo, ano a ano, desde a sua fundação, até 2003. Para quem não sabe, o autor era diretor da Flaponte, uma torcida que atravessava a “poça”para chegar no Maracanã, e que me lembra o bom ano em que eu morei em Niterói, RJ.
Pois saibam que no ano de 1981, segundo este precioso livro, que recomendo a quem conseguir comprá-lo, depois de um campeonato brasileiro conquistado em cima do Atlético MG (1980), fizemos o time que nos levou à maior glória até hoje, que foi o Mundial Interclubes, depois de uma Libertadores histórica. Por acaso, o presidente do clube naquele ano foi uma pessoa que eu nunca mais repeti o nome, porque além de vender o Zico, aquele nefasto cidadão deu uma declaração sarcástica à uma equipe de TV dizendo que estava chorando lágrimas de crocodilo”. Eu chorando de verdade e aquele pústula fazendo aquele tipo de brincadeira. Não perdooei, não perdôo e continuo com raiva dele, quase 30 anos depois. Não por ter vendido o Zico, que saiu porque achou que era a sua hora, depois de anos e anos de serviços prestados ao Flamengo. Mas pela infeliz declaração que revejo sempre na minha mente, quando o assunto vem a tona.
Mas escolhi o ano de 81 porque aquele foi um ano realmente ímpar na nossa história. Nesse ano subiram do juvenil os zagueiros Mozer e Figueiredo, que depois acabou morrendo precocemente. Em 1981, só não ganhamos o Campeonato Brasileiro. Fomos campeões do Rio, da Libertadores e do Mundo. Foi o ano em que chegaram também o Lico, já com 30 anos, mas um belíssimo jogador, e o Peu, a versão dos anos 80 do Merica que tinha feito história nos anos 70. Alagoano, deslocado na cidade grande, Peu rendeu muitas histórias engraçadas naquela equipe.
Outro detalhe interessante foi que o Flamengo, neste ano voltou a usar suas meias rubronegras e calções brancos. Até hoje eu acho que o uniforme mais bonito que nós temos é o de calções brancos. Sempre que o time joga de calções negro eu torço o bico. Não é que dê azar, pois já vi muitas vitórias de calções pretos, mas não parece o meu Flamengo. Idiossincrasias…..
Dava para ficar uns 3 posts só falando deste ano de 81. Como o jogo amistoso contra o Boca, vencido por 2 a zero, que marcou a despedida de Carpegianni como jogador e sua entronização como técnico do Flamengo, substituindo Dino Sani. Ou a disputa ferrenha contra o Galo de Minas na Libertadores, onde o Flamengo vira um jogo com gols de Nunes e Tita, no Maracanã, para se classificar depois em um jogo memorável no Serra Dourado, onde o Wright expulsou 3 do Atlético e o os outros jogadores simularam contusões para encerrar o jogo… Ao que me lembro, foi o primeiro jogo em que o gramado apresentava desenhos geométricos na grama. Falta falar do que é mais conhecido, que é a decisão contra o Cobreloa (a porrada do Anselmo no Mario Soto), e a moleza que foi ganhar do Liverpool em Tóquio, quando os ingleses (que vinham ganhando tudo) ficaram estupefatos com o banho de bola que levaram na terra do Sol Nascente. Nascia ali mais um capítulo da nossa história de glórias. Mas um dia eu volto ao assunto, seja nesse ano ou em outros, que tantas lembranças boas nos dão para quem viveu, e que devem servir de orgulho para quem ainda não tinha idade para acompanhar futebol. Aliás, para os mais jovens eu sempre rendo minhas homenagens, porque conseguem ter essa imensa paixão mesmo não tendo visto essa época de ouro. Para os mais velhos, a verdade é uma só. Era uma grande moleza torcer para o Mengão naquele período de 78 a 83… SRN.