Eu confesso que não sou um bom vidente. Tirando o título de 2009, no qual eu sempre acreditei, mesmo quando estávamos lá atrás na tabela (vide o Museu do Buteco), eu normalmente erro tudo : Placares, vencedores, apostas em quem será o titular... Mas hoje eu resolvi me arriscar e fazer uma previsão: Diego Maurício será o grande nome do Flamengo em 2011. Se esse moleque for preparado corretamente, se o esquema de jogo for armado para entregar a bola redonda para ele, teremos um grande goleador, prata da casa e fornecedor de uma dose de alegria fantástica para a nossa torcida. Tenho visto este jogador entrar em campo, e apesar dele ainda não ter se destacado como eu imagino que poderia, vejo nele uma pedra bruta a ser lapidada, uma capacidade física invejável, uma vocação nata para correr em direção ao gol, e pelo menos nos twitters que tenho lido dele, uma formação de caráter que revela uma pessoa humilde, mas consciente de sua força e de onde pode chegar.
Mas para que isso aconteça, algumas coisas precisam ser feitas. Primeiro, há que se cuidar da cabeça. Não só para fazer gols, mas também para não se deslumbrar com a conta bancária cada vez maior. É nessa hora que aparecem os falsos amigos, ou melhor, os amigos do dinheiro alheio, que se apresentam quando o jogador enriquece e normalmente somem quando a fonte seca. Além disso, ser ovacionado por um estádio cheio, por uma torcida como a nossa, mexe com a auto estima de qualquer um. O cara passa a se sentir um semideus, um herói de uma nação. E de certa forma, é mesmo. É preciso que alguém com interesse legítimo no desenvolvimento do atleta, de preferência um profissional pago pelo clube, o aconselhe e o ajude a escapar das armadilhas do sucesso.
Além disso, é preciso um esquema de jogo que valorize o seu potencial e as suas habilidades. Dificilmente montaremos um time com tantos craques como na época de ouro (Zico, Junior, Leandro, Adilio, Andrade), de forma que se torna natural privilegiar um único jogador que possua uma característica excepcional. Diego Maurício é um jogador do qual dificilmente se toma a bola dominada. Lembra até o Adriano neste aspecto. Além disso, é capaz de correr em direção ao gol com uma velocidade e condução de bola muito acima da média que temos visto neste triste campeonato. No entanto, temos assistido a algumas jogadas bisonhas, onde ele corre para receber mas o jogador que deveria lançá-lo, por não ter a habilidade necessária, ou por preferir a mediocridade do passe para o lado, simplesmente não aciona o jogador, que acaba voltando para a posição de espera. Ou então, a jogadas em que o Diego Mauricio toca, mas não recebe de volta ou não acerta a jogada, porque o jogador não se desloca para receber no espaço vazio. É importante que um técnico experiente como o Luxa monte um esquema que termine por colocar o Diego na cara do gol, ou consiga lança-lo pelas pontas, já que ele já provou que cruza bem a bola para um atacante na área. Vários times já fizeram isso (montar esquemas para aproveitar a habilidade especial de um único jogador). Mesmo sabendo que um time não vive só disso, isso poderia ajudar a marcar os gols que sobraram no primeiro semestre (38 só de Love e Adriano) mas que não nos garantiram nenhum título, mas cuja falta está sendo decisiva para este recorde de empates e derrotas que nos deixaram nessa situação angustiante a três partidas do final do campeonato.
Além da cabeça e do esquema de jogo armado, nosso “tanque de velocidade” precisa também de uma coisa simples, mas fundamental: Precisa jogar! Precisa treinar entre os titulares e depois entrar em campo. Ele já mostrou que não treme. Poderia estar melhor adaptado se estivesse jogando com os seus companheiros de base, mas ainda que o Luxa queira se apoiar nos medalhões comprados a peso de ouro (decisão irretocável para quem é macaco velho no futebol – imagina se ocorre um desastre e ele é acusado de ter deixado os “craques” fora do time), sempre haverá lugar para o Diego Maurício nesse time.
Neste sábado a torcida dará uma belíssima demonstração de força, enchendo de verdade o Vazião. Que os deuses do futebol a premiem com uma bela exibição do time, e, se for possível, com pelo menos um golzinho do nosso “tanque”.
Fora decepção! Fora desastre! Bota o moleque prá jogar, Luxa!