quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Misteriosos Caminhos do Futebol

Bom dia, amigos do Buteco! Com a ameaça de rebaixamento parecendo cada vez menos assustadora em razão da mudança de astral trazida pela chegada de Vanderlei Luxemburgo, e diante da falta de perspectiva nessa reta final de temporada, com as chances de Libertadores sendo apenas matemáticas e de título mais matemáticas ainda, fica difícil encontrar assunto para falar, certo?


Eu, então, resolvi falar dos tortuosos caminhos do futebol. Patrícia Amorim ou Paty Piscina, ou Paty Pool, como preferirem, mencionou em uma das entrevistas que concedeu no exercício de contorcionismo que praticava para tentar se justificar pela maneira que tratou o Zico, lembrou do exemplo de Joel Santana e a mudança repentina, para melhor, que sua carreira teve quando, saindo de uma demissão do Brasiliense, em 2005, foi contratado pelo recém empossado vice-presidente de futebol do Flamengo Kleber Leite para salvar o time do iminente rebaixamento para a Série B. Do milagre veio um contrato no Japão, depois outros, uma campanha que levou o Flamengo a um até então inédito terceiro lugar em brasileiros no século, uma classificação para a Libertadores, um contrato para dirigir uma seleção anfitriã em Copa do Mundo...


Bom, então chegamos a Luxemburgo. Não ao charmoso Grão-Ducado, também paraíso fiscal europeu, que jamais existiria no mundo antigo, mas que tem sua "justificativa" (rsrsrsrsrsrs) no capitalismo moderno, e que, quis a ironia do destino, veio a ser o sobrenome de um malandro carioca de origem humilde e que vem a ser um dos maiores treinadores de futebol do Brasil, "o nosso simpático 'Orelhinha' ", como diria o saudoso locutor de rádio Doalcey Camargo.

Vanderlei, o nosso "Luxa", após um retumbante (e ponham retumbante nisso) fracasso no Atlético/MG, parece estar mordido, extremamente motivado a demonstrar que não é um treinador ultrapassado. E eu acho que não é.

Aqui abro um parêntesis: eu não acho que alguém deixe de entender de futebol. Pode ficar obsoleto nos métodos de lidar com o grupo, com a psicologia que é necessária para conquistar os jogadores, individual e coletivamente; com o tipo de profissionais que são necessários na montagem das comissões técnicas à medida em que a ciência evolui. Mas ninguém desaprende a entender de futebol. É o que penso. Fecha parêntesis.

Some-se a isso as jamais negadas (e curiosamente não lembradas pela imprensa) pretensões políticas no clube de coração e temos os ingredientes para um retorno pra lá de movimentado de Luxemburgo ao Flamengo.


E o homem chegou e chegou com tudo: exigiu no contrato uma cláusula obrigando a Diretoria a transferir o CT para o Ninho do Urubu, criando um fato consumado. Argumenta que o CT da Barra Funda, do invejado São Paulo F.C., começou com um barracão...


Não é só: terá um escritório ao lado do CT para ajudar a Patrícia Amorim na construção. Uau! Que tudo isso soa bonito, ah!, isso soa! E não serei eu quem duvidará da capacidade do Luxemburgo. Isso eu não faço, deixo bem claro. Mas "peraí": tudo isso é sinal de "vanguarda", de Diretoria que tem projeto, sabe o que está fazendo, que contratou o profissional certo, ou de quem está desesperado (a), com índices de popularidade despencando, com medo da pressão política, agarrando-se a uma suposta tábua de salvação?


Vamos lá, pessoal, a resposta não é tão difícil. Basta lembrar que tudo isso surgiu apenas alguns dias depois do Tsunami Bíblico que foi a saída do Zico e a entrevista dele esclarecendo algumas desagradáveis circunstâncias, certo? Então, certas indagações não têm como deixar de serem feitas!


Portanto, tudo isso pode ter um preço, e alto, para a nossa presidente/nadadora/política/socialite Paty Pool. E pode dar certo também. E muito certo, aliás. Afinal, isso é Flamengo e o Vanderlei Luxemburgo, ao menos na minha opinião, é o cara. E, quanto à instabilidade política na Gávea, à crise, à falta de estrutura do clube, à suposta má-fase do Luxemburgo, quem há de explicar os tortuosos caminhos do futebol, não é mesmo?

Eu torcerei fervorosamente para que dê certo. Sou Flamengo antes de tudo e dar certo não quer dizer que o Zico não possa voltar e nem muito menos que ele não possa trabalhar com o seu compadre Luxemburgo. O que eu sei é que o destino é Flamengo e ele já deu várias provas disso ao longo dos mais de cem anos do nosso clube.


Bom dia e SRN a todos!