Silas é o nome da esperança da vez para fazer do elenco do Flamengo um time de jogar futebol, após a tardia defenestração do estagiário, que parte sem deixar saudades, que vai embora menor do que chegou e que nada de bom acrescentou em quatro meses de um trabalho inútil à frente da equipe de um clube que não tem a cara dele. Um semblante que manifesta satisfação mesmo nas bisonhas derrotas e vê evolução onde todos viram justamente o contrário, a involução de um grupo após uma semana de treinamentos. O que será que ele treinava? Particularmente, gosto do jeito de quem chega para o lugar que caiu de graça no colo do Rogério Lourenço. Sempre gostei da maneira simples do Silas, o que não é rotina dentro do ambiente do futebol, onde a arrogância dita a moda do caráter de muitos dos chamados boleiros. Gente que emprega anos de sua vida para tornar-se famosa e uma vez pendurada nos galhos da fama esnoba e foge dos fãs como o diabo da cruz. Vá entender!
Como jogador correu boa parte do Brasil e do mundo. Como técnico é uma promissora promessa com ótima passagem pelo Avaí, tendo levado o clube catarinense ao 6º lugar do Campeonato Brasileiro de 2009, uma verdadeira façanha na qual, creio, nem ele acreditava realizar tendo em vista a tradição daquele clube e os recursos disponíveis. No Grêmio, de Porto Alegre, chegou ao título gaúcho deste ano levando muitos a dizerem valer nada, mas são do tipo daqueles que chegam a quase enfartar a cada jogo decisivo de um estadual, do Oiapoque ao Chuí.
Aqui no Flamengo será pauleira pura e foi bom saber durante a sua apresentação de que tem ampla ciência disso. Sem estardalhaço ou truculência botou as cartas na mesa logo de cara, olho no olho de cada jogador considerado com alguma dose de liderança no grupo. Até o Willians, nosso justiceiro toma lá dá cá, foi chamado para a conversa privilegiada com o treinador recém-chegado na Gávea. Aliás, esse jogador se fosse um pescador devolveria ao mar todos os peixes pescados, praticando uma excêntrica atividade de lazer.
De volta ao novo comandante, ele deve ter visto em Campinas o lamentável estado físico da maioria dos jogadores do time do Flamengo. Emerson Buck, o novo responsável pela preparação física, que arregasse as mangas do uniforme para colocar em forma esse grupo. E não há como deixar de voltar no breve espaço de tempo correspondente a dois meses, mais exatamente na época em que se realizava a Copa do Mundo, na África do Sul, em junho pp, quando uma ótima inter-temporada de 35 dias foi lançada na lata do lixo graças à teimosia do Zico, em seu pecado original, quando optou em apostar no estagiário no momento em que todos já pulavam do seu barco por terem constatado que, com ele no comando, o Flamengo iria reviver o maldito "jeitinho abunda e o barco afunda", regrinha que caracteriza o clube há muitos anos e cujo rendimento compatível com a grandeza da instituição foi um escasso Campeonato Brasileiro do ano passado e uma Copa do Brasil, em 2006.
Vida que segue, confiança dos jogadores renovada pela estreia do novo treinador, hoje a pedreira é o Cruzeiro em Uberlândia. Obstáculo difícil de pular mas factível de ser vencido com inspiração e transpiração, apesar dos desfalques já anunciados por força de contusões e ritmo de jogo.
Gol neles, Mengo!
E para não perder o gol: Em Zico eu acredito!