Eu tinha feito um outro texto, mas como os ânimos andam meio exaltados aqui, ali e acolá, resolvi publicar algo mais ameno, mais leve. Não sei se atingirei o objetivo porque falar da torcida, tanto positivamente quanto negativamente é mexer em formigueiro cheio de formigas ávidas por sangue (???). Enfim...
O fato é que mudei de endereço residencial há pouco tempo e naquele ritual de encaixotar os pertences, eu me deparei com uma reportagem que eu guardei como uma relíquia, como se fosse uma jóia das mais valiosas. Ela foi publicada no jornal O Globo, no dia 12 de julho de 1992, dia do primeiro jogo da decisão do campeonato brasileiro daquele ano, disputado entre Flamengo e Botafogo. É uma reportagem de página inteira e falava que a torcida rubro-negra era o décimo segundo jogador do time, que a força que a nossa torcida emanava das arquibancadas era única, inigualável, falava o que os adversários sentiam quando olhavam para a gente nas arquibancadas. Acho que foi a reportagem mais bonita que já li.
Mas, depois de reler essa reportagem por esses dias, eu me peguei pensando... Ainda fazemos a diferença? Ainda somos o décimo-segundo jogador? Eu, sendo frequentadora assídua do Maracanã em todos esses anos, arrisco a resposta : sim, ainda fazemos a diferença, mas não tanto quanto antes. Houve uma mudança na torcida e isso é notório para todos. Antigamente, existia uma união torcida-time que era como se fosse um pacto. Mesmo nos piores momentos, a torcida aplaudia, cantava, apoiava. A torcida era até mais engraçada. Se Maurinho jogasse hoje, receberia vaia em cima de vaia e ninguém teria a genialidade de cantar "ão ão ão Maurinho é seleção", "il il il, primeiro de abril". Hoje em dia, a torcida está mais crítica, mais impaciente. Achei que o título de campeão brasileiro que conquistamos ano passado melhoraria um pouco isso, mas me enganei.
Ano passado, em pleno jogo decisivo contra o Grêmio, em vários momentos, a torcida ficou calada, muda, sem dar um pio. Em outros jogos também. Vários e vários e vários minutos no mais completo silêncio. A última vez em que time e torcida fizeram esse pacto e estavam em total harmonia foi em 2007, quando demos a famosa arrancada. Por que as coisas mudaram? Antigamente, tínhamos o grito de MEEEEEEEEENNNNGOOOOOOOOO, tínhamos o uh!Tererê, grito tipicamente carioca, cantávamos o hino sem parar. Hoje, temos essas musiquinhas ridículas. Eu canto pra fazer coro, mas que são ridículas, ah, isso são.
E olhem nosso momento atual... Zico, nosso ídolo, um dos maiores responsáveis pelo fato do Flamengo ser o que é, voltou e ao que parece, a torcida ainda não percebeu a importância desse retorno e está abandonando o time e, consequentemente, seu ídolo e, sem querer exagerar, seu salvador. É óbvio que devemos criticá-lo quando ele fizer besteira. Ele é Deus, mas é humano. Hã? Vocês entenderam o que eu quis dizer. Criticar sim, mas abandonar o Zico nunca!! A torcida tem que fazer a sua parte. Sempre fomos decisivos, sempre tivemos poder. Por que esse marasmo todo? Vamos deixar Zico ser sugado pelos ratos covardes que estão lá dentro? Acho que está na hora de firmarmos mais um pacto com o time e, principalmente, com Zico.