Ligo o radinho do carro e ouço que a diretoria do Flamengo bate cabeça consigo mesma em relação ao "affair" Bruno, no que toca à sua demissão por justa causa, anunciada aos quatro cantos do país, após parecer de uma comissão de juristas, pela presidenta Patrícia Amorim, no momento em viagem aos Estados Unidos. Cabia ao Vice-Presidente Hélio Ferraz assinar o documento a ser enviado ao goleiro, com um AR em anexo, atualmente preso no presídio Nelson Hungria, em Belo Horizonte, para investigação a respeito do sumiço da sua ex-namorada Eliza Samudio, com quem supostamente tem um filho de quatro meses de idade. E o que fez o VP geral? Tomado por um súbito bom senso em sua avaliação sobre a oportunidade de emitir tal documento, em se tratando de um caso não transitado em julgado pela justiça brasileira, recusou-se em assinar a papelada por não sentir segurança jurídica no ato a ser consumado pelo clube, que poderia trazer-lhe graves prejuízos, no futuro, dependendo da evolução do processo criminal no sentido de penalizar ou não o atleta.
Na condição de leigo em assuntos jurídicos, pois sempre estive mais ligado às ciências exatas ao longo de minha vida, e com o respeito devido aos juristas que aconselharam a referida demissão, ligo o meu "achômetro" respaldado pela experiência que a vida vai nos concedendo, penso e não encontro as bases legais nas quais clube iria apoiar os seus fundamentos para enfiar uma "demissão por justa causa" num funcionário que ainda não recebeu aquela dolorida martelada da justiça relativa ao caso que ainda se encontra em fase inicial, numa delegacia de polícia. Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, deve ter refletido o Helio Ferraz, afinal seria o executor do ato final, a partir do qual o Flamengo viveria, nos próximos tempos, sob o signo da dúvida sobre o desenrolar dos acontecimentos, com uma pergunta a atormentar a vida dos dirigentes rubro-negros quanto a uma possível absolvição do goleiro, resumida por "e se o rapaz for absolvido pela justiça?". Quantos caminhões-baú cheios de reais o Flamengo teria que pagar-lhe em causas trabalhistas perdidas e por danos morais? Bom nem pensar nisso e caminhar junto com a prudência adotada no último minuto. Não custa esperar e agir com a segurança que a lei oferece, não havendo motivos para açodamentos.
Falando de futebol, assunto bem mais agradável do que embates legais no judiciário, volta a campo, hoje, o mais querido do Brasil, em seu palco preferido, diante de sua torcida, para enfrentar o Avaí da aprazível Florianópolis, que chega ao Maracanã após uma bonita vitória sobre o Palmeiras por 4 a 2. Resultado bom para o Flamengo, primeiro por ser o Palmeiras um candidato potencial ao título do brasileirão ou ao G-4, segundo, para tirar a pressão do favoritismo que tanto desprazer tem causado ultimamente ao clube. Prefiro ver o meu time correndo atrás da vitória do que administrar uma vantagem advinda do papel, que em algumas oportunidades se tornaram derrotas reais quando os três pontos pareciam favas contadas.
Ainda estamos carentes de atacantes e de gente que pense, além de tocar com precisão a bola no meio de campo, mas tem sobrado vontade aos jovens que substituíram alguns craques consagrados, pois não custa repetir que nome apenas não ganha jogo. Com disciplina tática e perseverança, levamos seis pontos para a Gávea, porém, até quando somente tais atributos bastarão, ninguém sabe. Como torcedor, que torce e até distorce os fatos quando nos são favoráveis, gostaria que fosse até dezembro, liberando o clube dos custos de aquisição de jogadores, o que significaria a consagração da nova geração lançada no time principal. Usando a razão, creio que é difícil isso acontecer e o Zico vai precisar mesmo gastar uma grana trazendo alguns que desequilibrem no meio e na frente.
Por enquanto, desejo um bom jogo para todos nós e que mais uma vitória seja a nossa companheira no fechamento desta noite de quarta-feira, para que a passemos na cama quente do G-4.
SRN!