No programa "Bem Amigos" da última segunda-feira, citado pela amiga Lívia Gesta em sua ótima coluna de ontem, Zico reafirmou a disposição de não fazer loucuras financeiras para montar o time do Flamengo. Muito bem, é tudo o que o bom senso recomenda para um diretor-executivo com o cérebro no lugar e muito preocupado com o futuro do nosso clube, disso ninguém discorda e vem em hora p'ra lá de atrasada. E ainda mais disse o galo no sentido de que se houver um patrocínio específico, a conversa muda de tom e direção, sem abrir os cofres vazios da Gávea, bastando para tal negociar para usar a marca que dá lucros aos borbotões. Que o diga a Olympikus.
O nosso ex-artilheiro, que já absorveu a sadia realidade imposta pela necessidade de planejar para médio/longo prazos a fim de obter retorno compatível com a grandeza do Flamengo, e considero a solução desse problema, em suas mãos, exclusivamente uma questão de tempo, precisa, simultâneamente, apagar o fogo que lambe os nossos sapatos dada a pobre performance da equipe comandada pelo estagiário satisfeito com os pífios resultados obtidos no campeonato Brasileiro, no qual apresenta um aproveitamento medíocre, menor que 50%, digno de um bambala de várzea com as cores rubro-negras e, pior, com um elenco relativamente capaz de nos oferecer um painel com resultados bem melhores, após uma longa inter-temporada promovida pela realização da Copa do Mundo, se bem aproveitada pelo treineiro de plantão, sempre feliz como um pinto no lixo com as atuações que ninguém vê, ninguém viu e todos condenam.
Aí é que a vaca torce o rabo para os 30 dias de treinamentos e pouco resultado tático apresentado, quesito fundamental para substituir a falta de talento, tampouco sequer uma jogadinha ensaiada para uma mísera saída de bola, escanteio ou falta próxima a área adversária, que não dependa dos pés cansados e talentosos do gringo Petkovic, de língua de fora a sentir o peso da bola após jogar duas vezes por semana. Não é para menos, além de ter que pensar como resolver um jogo de futebol dentro de campo, com a bola rolando, já que fora dele a solução para ganhar o jogo é coisa tão impensável quanto improvável, graças ao único erro cometido pelo Zico, até então, representado justamente pela manutenção do estagiário na função, depois que este levou o clube a vexames sucessivos na Libertadores. O seu retorno ao Flamengo foi o momento propício, não aproveitado, da mudança que se impunha, oportunidade deixada vazar como água que escoa morro abaixo ou fogo que sobe morro acima ao sabor dos ventos tropicais.
Por muito menos, Andrade caiu do barco empurrado pelas nuances da política interna do clube, logo após os bons serviços prestados no Brasileirão de 2009. Com muito mais lambanças no incipiente currículo, Rogério Lourenço, que deve ter padrinho forte, mantém-se nele, com quase a totalidade da torcida contra a sua permanência. Curiosamente, sem deixar de empunhar com prazer as duas vitórias, nos últimos cinco jogos, contra times que ora frequentam a zona do inferno segundão.
Manifestar indignação com o que se tem visto é um caminho nada desprezível, afinal, empatar com o Avaí, perder para o misto do Internacional e ver o treineiro feliz é de doer a medula, de viajar nas asas da imaginação até o ponto de pensar por que um Bernadinho, um eterno insatisfeito mesmo nas vitórias, não é do ramo e técnico do Flamengo. Quem sabe Zico, sempre ele, desça aos vestiários para incutir entusiasmo, determinação e espírito de vitória (aquele do jogo contra o Botafogo) em nossos jogadores, que formam um elenco muito semelhamte aos dos clubes que disputam a parte de cima da tabela, porém, dentro de campo é mais um bando desorganizado, desorientado e semelhante a um grupo de futebol de pelada de fim de semana valendo caixa de cerveja, a desferir bicos p'ra frente e passes errados para os lados, armando ótimos contra-ataques para os adversários, na tentativa de descobrir o que fazer com a bola, sem um padrão de jogo a seguir, pré-determinado por quem tem a obrigação de fazê-lo.
Antigamente era comum ouvir-se que um grande time começava com um grande goleiro. Os tempos mudaram, os talentos estão caros e escassos e hoje, em função da necessidade organizacional em campo tendo em vista a falta dos craques que improvisem e resolvem a "problemática", um bom time começa com um bom técnico na boca do túnel. Pelo menos p'ra mim, um mero observador do futebol e dotado do bom gosto de torcer pelo Flamengo, modéstia à parte.
Em Rogério Lourenço, na condição de treinador de futebol do Flamengo, nem a velhinha de Taubaté, personagem impagável do Luiz Fernando Veríssimo, cuja credulidade a levava a ser uma ouvinte assídua do programa "O povo e o presidente" e a crer nas mais absurdas promessas dos políticos em campanha, acredita mais. Como e por que Zico acredita? Cartas e mensagens para a mesa 19 deste Buteco.
PS. Ao apagar das luzes desta coluna, vejo a quase certa chegada de Gilberto Silva e a saída de Kléberson, além de outros penduricalhos que, na totalidade da transação a torna um bom negócio para o Flamengo, em todos os aspectos considerados, como há muito tempo não acontecia. Já dá para visualizar um meio de campo mais interessante formado por Gilberto Silva, Willians (Maldonado), R11 e Petkovic, e, no ataque, Leandro Amaral e Deivid (Olha o "D" aí Lívia!!!).
Sem dúvida, um bom up-grade para modificar o humor nesta quarta-feira.
SRN!