sexta-feira, 14 de maio de 2010
Realismo Fantástico
Os amantes de uma boa literatura já devem ter ouvido falar nesta escola literária, também chamada de “realismo mágico”, que na América Latina teve seu expoente máximo com Gabriel Garcia Marques, principalmente com seu clássico “100 anos de solidão”. A principal característica destes escritores é a de retratar acontecimentos absolutamente fora da normalidade como sendo naturais, trazendo ao leitor fatos mágicos como se fossem rigorosamente naturais.
Pois esse é o Flamengo de hoje. Uma obra prima do absurdo, mas que acabam sendo encaradas como “normal” pela repetição de fatos que já nem causam mais estranheza. Se contra o América do México a falta de aquecimento prévio já havia feito o seu estrago em uma Libertadores, nesta quarta feira o fato se repetiu, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Temos uma presidenta, eleita pela privilegiadíssima minoria votante, que controla um símbolo de quase 40 milhões de torcedores, mas que aparenta estar preocupada apenas com a ginástica olímpica, com a natação e com o basquete, esquecendo de tratar e decidir as coisas do futebol, a maior paixão dos flamenguistas. Temos um técnico aprendiz no clube de maior torcida do mundo, afinal , “técnico a gente faz em casa”. Temos uma escalação de 3 (para alguns 4) volantes em um jogo em que precisávamos de uma vitória larga, para depois ir ao país do adversário segurar a pressão de quem joga em casa. Mas isso se torna corriqueiro, principalmente quando, no decorrer do jogo, trocamos volantes por atacantes, zagueiro vira ponta esquerda, e as descobertas “mágicas”do treineiro são substituídas com 20 minutos de jogo.
Amigos do Buteco, se fossemos lembrar de todos os absurdos deste ano de 2010, teríamos que rolar muita tela nesta leitura cansativa e irritante. Há coisas no Flamengo que nem o melhor escritor desta escola conseguiria registrar sem se envergonhar pelo exagero.
Mas, como o Flamengo é realmente mágico, isso não nos tira a esperança. Jogar contra este time chileno 3 vezes e não ganhar nenhuma já é fantástico. Agora é a nossa vez, e o fato de ser lá é apenas mais uma coincidencia. O adversário tem um técnico muito, mas muito esperto, mas quem sabe o nosso time, em mais um absurdo, não joga bem SEM técnico ? Muitos destes jogadores já jogam juntos há quatro anos. Quem sabe o Léo Moura, o Juan, e o Angelin não se reúnem e combinam como jogar, pelo menos até que o Pet entre em campo, cumprindo o personagem “velhinho salvador da pátria” ?
Ao mesmo tempo, fico muito emocionado com os nossos valentes torcedores que irão ao Chile, desafiando as leis de probabilidade, e que representarão esta massa humana que não pode estar presente. Que eles levem a nossa fé e a força mágica que emana destes corações e mentes rubronegras. Afinal, o que parece fantástico está virando realidade.
Boa viagem, Patrick. O Buteco estará com você !