O Flamengo se classificará para as semifinais da Copa Libertadores/2010. Ponto. Está escrito e nada, absolutamente nada poderá mudar isso.
Por quê? Por que o céu é azul, a noite é escura e o mar é salgado? Por quê? Por que o Flamengo tem mais de quarenta milhões de torcedores estimados em todo o planeta? Por que o Flamengo e não outro time? Por quê?
Há mais coisas entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia há de conceber. O que sei é que o Flamengo irá se classificar. Ponto.
Mas não é só no misticismo que baseio a minha confiança. Não quero parecer contraditório, de forma alguma. Continuo achando que a Universidad de Chile é o time mais bem treinado dessa Libertadores e que tem o melhor conjunto. Tem um contra-ataque mortal, uma auto-confiança de se admirar e uma capacidade de concentração impressionante, que, somadas a uma aplicação tática poucas vezes vista, formam um conjunto dificílimo de ser batido. Talvez por isso é que as coisas aconteçam para eles quando menos se espera, como os gols no final das partidas contra Flamengo, na primeira fase, e as duas contra o Alianza Lima, nas oitavas-de-final.
Apesar disso tudo, não é o melhor time para essa competição, a começar porque sua defesa está longe de ser impenetrável. Além disso, apesar de ter vários selecionáveis uruguaios e chilenos, está longe de ter os melhores jogadores, aqueles mais decisivos, e, senhoras e senhores, estamos falando de uma competição de mata-mata e não de um torneio de pontos corridos. E, como até as pedras sabem, no quesito jogadores decisivos o Flamengo leva ampla vantagem.
Mas não é só. Analisando friamente as partidas anteriores entre os dois times, lembrei de alguns lances que, nessas partidas, foram o diferencial para o sucesso do adversário, mas que, com um pouquinho de concentração, com espírito de decisão, podem ser evitados. E há outros aspectos que foram poucos explorados e que podem se tornar decisivos ao nosso favor. Vamos então a eles:
1) Goleiro: nos três confrontos ocorridos até agora contra a “La U”, ele simplesmente falhou em todos os jogos: no 2x2 na fase de grupos, não saiu no primeiro gol; no Chile, falhou nos dois gols do adversário (!), saindo fora do tempo da bola no primeiro e levando um gol do montinho artilheiro no segundo. Finalmente, no terceiro jogo, no Maracanã, tomou o primeiro gol por debaixo das pernas, desistiu do lance no segundo, apesar de ter sofrido falta, e, no terceiro, apesar de não ter sido o único responsável, pois o Leonardo Moura desistiu do lance e permitiu o cruzamento, além do Juan não ter acompanhado quem estava marcando, o goleiro, mais uma vez, saiu mal, fora do tempo da bola, titubeante, e permitiu o gol chileno.
É demais pedir para que não falhe dessa vez? Numa decisão? Penso que não.
2) Gols perdidos: amigos, pensem nos gols perdidos nos três jogos, principalmente no terceiro. Acredito que a semana de treinamentos fortes do Adriano farão a diferença. O miolo de zaga deles cede muitos espaços.
3) Jogo aéreo: ficou muito claro nos dois últimos jogos (Chile e Maracanã) que o jogo aéreo defensivo deles é muito fraco. Trata-se apenas dos nossos jogadores se concentrarem um pouco e aproveitarem a teta.
4) Laterais: como se não bastasse a zaga fraca, é nas laterais que eles cedem mais espaços. Não é preciso sequer assistir aos videotapes para constatar isso. Basta rever os lances dos gols. Em contrapartida, também é pelas laterais que eles contra-atacam melhor. A vantagem da dupla Toró/Willians é a velocidade para cobetura dos espaços advindos dos avanços do Leonardo Moura e do Juan.
5) Aspecto psicológico: novamente aqui quero deixar claro que não estou caindo em contradição. Sim, vou reiterar que se trata de uma equipe bastante auto-confiante. Ao mesmo tempo, porém, se enrolou em Santiago quando jogou contra o Alianza Lima com a vantagem do empate. O gol de empate salvador saiu nos acréscimos. Mesmo no jogo da fase de grupos contra o Flamengo em Santiago eles demoraram bastante para sair da defesa. Eles irão se enrolar com a própria vantagem. Podem contar com isso.
Finalmente, há algo que marca a existência do Flamengo como clube de futebol profissional: são as viradas e as arrancadas nos momentos mais adversos, como uma fênix. Quando é dado como morto, o Flamengo renasce das cinzas e atinge suas maiores vitórias e conquistas.
Quinta-feira, 20 de maio de 2010, outra página de sua história de superação será escrita.
Um abraço e SRN a todos os amigos do Buteco do Flamengo.