Não, amigos do Buteco; não baixou o espírito da Padroeira deste espaço; não estou delirando nem acometido de otimismo exagerado; mas vocês hão de convir que, pela primeira vez desde que o Estagiário assumiu, o Flamengo começou bem uma partida.
Calma, gente; eu sei que era o Vitória sem seis titulares; só que, mesmo pela televisão e não estando no estádio, deu para ver que o time tinha uma organização tática normal - dava para ver dois volantes, Willians pela direita e Toró pela esquerda, dois meias à frente e dois atacantes, além da defesa.
É ou não é um tremendo avanço em relação a quarta-feira passada, quando vimos o quarto zagueiro na lateral esquerda, o lateral esquerdo na meia esquerda, etc.? Ou mesmo em relação a domingo passado, quando um volante foi ponta-de-lança e o outro foi centroavante, enquanto o centroavante foi segundo ou terceiro homem e voltava para armar o jogo?
Pois eu considero um tremendo avanço lateral ter sido lateral, zagueiro ter sido zagueiro, meia ter sido meia e atacante ter sido atacante. É um sinal de progresso ou não é?
A análise do que poderia ter acontecido nesta partida foi muito prejudicada pelo dilúvio que atingiu Salvador no início da noite de hoje. Deu para ver, porém, o que poderemos esperar na quinta-feira que vem: o time entrou babando em campo, marcando o Vitória em seu próprio campo, e o Adriano com uma gana que não via há muito tempo. Por isso o time conseguiu um gol antes dos três minutos de jogo.
No primeiro tempo, a partida foi concentrada na avenida que o Flamengo tinha no lado esquerdo de seu ataque, setor direito da defesa do Vitória, avenida essa que persistiu até o final da partida. A chuva que deixou o campo alagado e pesado, porém, logo nos impediu de saber até quando o time aguentaria aquele ritmo. Certo é que o primeiro tempo foi do Flamengo.
O segundo tempo, porém, foi inteiro do Vitória, ressalvados alguns contra-ataques esporádidos. E por quê? Seria porque a batalha de quarta-feira, tão próxima, somada a um campo tão pesado, deixou os jogadores extenuados? Talvez seja essa a causa remota; a causa imediata foi que os dois meias desapareceram do jogo e o time ficou na base da ligação direta para o ataque.
Apesar do empate frustrante, porém, deu para ver que o Estagiário resolveu não inventar a roda, o que já foi um avanço e tanto. Além disso, podemos esperar um time partindo para cima do Universidad de Chile na próxima quinta-feira.
Algumas ressalvas eu gostaria de fazer, contudo:
a) Michael: jogou muito bem o primeiro tempo e despareceu completamente na etapa final, na qual foi notado apenas pela sucessão impressionante de erros de passe. No primeiro tempo, apesar da boa apresentação, afoito, chegou a dar um carrinho que, se pegasse o adversário do Vitória, era vermelho direto. Trata-se de um jogador jovem e talentoso, como prova a levantada de bola e passe com o mesmo pé colocando o Vagner Love na cara do gol no primeiro tempo. A sua instabilidade e a precipitação que costumam caracterizar suas atuações são o meu maior medo para quinta-feira. Sigo na opinião de que é jogo para os mais experientes, como o Petkovic. O Michael pode colocar tudo a perder num único lance, com seus arroubos incompreensíveis.
b) Toró ou Maldonado? Estou estarrecido com a possibilidade do chileno não começar a partida em sua terra natal. A experiência e conhecimento do Maldonado são fundamentais para essa partida. O Estagiário só pode estar fora de si para optar pelo Toró em detrimento do Maldonado.
c) Kleberson: eu não tenho a menor dúvida de que se poupou a partida inteira com medo do campo pesado e de uma contusão. Foi um espectador ilustre dentro de campo, tendo participado pouquíssimo do jogo. Beleza. A minha dúvida é: quais são os planos do Kleberson para quinta-feira? Essa pergunta eu espero que o Estagiário faça a ele diretamente, olho-no-olho, porque, se for para ele "se poupar" ou não entrar em divididas, será melhor entrar com o Toró e o Maldonado, que tem um bom passe, um pouco mais adiantado.
d) Goleiro: o FRANGO que ele engoliu e nos impediu de conquistar os três pontos me deixa apavorado para o jogo de quinta-feira no Chile. É impressionante a sua instabilidade, como oscila de uma partida para a outra. Estou cansado, até porque tem moral demais para pouco futebol e muito salário.
É isso, galera. Será uma longa espera até quinta-feira. Espero que o Adriano seja marcado fora de campo e o Estagiário não atrapalhe, pois os nossos atletas podem trazer do Chile a classificação.
Bom final de semana e SRN a todos.