terça-feira, 20 de abril de 2010

Há Luz no Fim do Túnel?



Escrevo essas linhas, como torcedor apaixonado pelo Flamengo, com a sensação de estar num túnel escuro em meio a uma crise de labirintite. Que sensação horrorosa essa de ver a equipe às vésperas de uma verdadeira decisão em uma partida de uma Libertadores da América na qual iniciamos a nossa participação com mais esperanças de conquista do que qualquer outra, porém em meio a uma crise que elameia o nome da instituição.

É fato notório que o jogador Dejan Petkovic tem personalidade voltada para os holofotes e que lidar com ele acaba sendo uma pequena ciência; contudo, começa a ficar claro que, malgrado qualquer problema de relacionamento que tenha com alguns (alguns, não digo todos!) jogadores do elenco, na verdade o seu maior pecado em 38 (trinta e oito) anos de vida nesse planeta parece ter sido, num momento de cabeça quente no vestiário, ao ser substituído após uma atuação pífica no primeiro tempo de um Fla-Flu, a insubordinação contra o vice-presidente de futebol do Flamengo.

Agora, após quatro meses de trabalho no ano de 2010, o campeão brasileiro de 2009 não apresenta padrão algum de jogo, o treinador não tem um time titular definido, nem tampouco ideia de qual formação é a ideal para o meio de campo; o clube se vê em sério risco de não se classificar para as oitavas-de-final na Copa Libertadores da América, logo após ver o Botafogo (!!!!!!!!!!!) ser campeão estadual vencendo dois turnos seguidos (!!!!!!!!!!!!), e o vice-presidente de futebol, com sua presença obscura, porém inegável e inconfundível, alimentando o noticiário esportivo que cobre o dia-a-dia do clube de maior torcida do planeta, quer fazer todos crerem que a responsabilidade é do jogador Dejan Petkovic. E tudo aos olhos da presidenta recém-eleita, que comparece às reuniões de crise acompanhada de seu marido, que cargo algum ocupa no clube (?!).

Causam espécie tanto a estratégia tosca e mal elaborada do vice-presidente, tentando transferir para o Andrade, treinador, uma responsabilidade que é sua, enquanto dirigente de futebol (afastamento ou rescisão contratual com um jogador), quanto a diferença de tratamento dado a um ato singular de insubordinação com punição já cumprida e o dado a alguns jogadores, cujas condutas extra-campo e mesmo profissionais, com faltas ostensivas a treinos, agressões a companheiros, declarações indecentes à imprensa e orgias tornadas públicas elameiam a imagem do clube.

Pior do que isso tudo, para mim, torcedor, é ver que, apesar do quadro ser claríssimo, o Flamengo permanece na escuridão, pois a sua presidência é de uma omissão talvez inédita na história gloriosa desse clube. E para qualquer um com um mínimo de serenidade é possível enxergar que o vice-presidente de futebol não tem condições de permanecer no cargo, pois não se mostra capaz de separar seus sentimentos pessoais de suas atitudes, e que o treinador perdeu completamente o comando técnico e disciplinar do grupo, sendo improvável que os jogadores ainda lhe dêem um mínimo de credibilidade.

Mas o tempo passou. Amanhã tem jogo. Eu não sei o que dizer, eu não sei o que pensar, eu não sei o que esperar. Não sei que time colocaria em campo, não sei o que dizer a esses jogadores, seja porque não mais confio neles, seja porque não sei se há ambiente de trabalho com nível mínimo de serenidade hoje no Flamengo.

Alguém aí por acaso sabe me dizer em que direção está a saída do túnel?


SRN a todos.