Querido Rogério
Há alguns anos atrás, li uma entrevista onde você dizia que um dos seus sonhos era treinar o time do Flamengo. E, agora, o sonho se realizou. Mas, nesse momento em que você assume o time isso seria um sonho ou um pesadelo? Tacaram uma bomba em suas mãos, no melhor estilo se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E você, filho desse clube onde chegou com 13 anos, aceitou o desafio. Estamos vendo que um filho nosso não foge à luta nem teme, quem te adora, a própria morte. E, quarta-feira, é isso que te resta : matar ou morrer.
Rogério, você ganhou títulos importantes como a copa São Paulo de juniores na época em que esse torneio ainda tinha muito charme, ganhou uma copa do Brasil, campeonato carioca e o brasileirão de 1992. Aprendeu a jogar vendo Mozer e Aldair bem de pertinho e, com 17 anos, teve a ingrata tarefa de substituir Mozer, zagueiro consagrado e com o nome inscrito pra sempre na galeria dos grandes jogadores rubro-negros. Não se intimidou, mostrou categoria e também inscreveu seu nome nessa mesma galeria. Era um jogador sempre lembrado pela seriedade, serenidade e pelo caráter, além das bombas que mandava em cobranças de faltas e dos gols que marcou. Como esquecer aquele gol que você marcou contra o Corinthians, lá na casa deles, em 1991, num jogo válido pela Libertadores? Como esquecer aquele gol contra o São Paulo, no brasileiro de 1992, nas semifinais? Como esquecer que você agüentou formar dupla com o tresloucado Júnior Baiano e sobreviveu? Tudo isso fez com que você ganhasse o respeito da nação rubro-negra.
E agora, Rogério? Amanhã, temos um jogo importantíssimo e eu só te peço uma coisa : quero ver o Flamengo jogando como FLAMENGO e não como um time qualquer. Não quero ver o meu time acuado, com medo de jogar. Quem tem que ter medo é o nosso adversário e não a gente. Quero que você enfie na cabeça de cada jogador o que é vestir e honrar essa camisa, coisa que você soube fazer muito bem. Quero que você faça meu time jogar com garra, dando o sangue em campo. O time pode até perder o jogo, mas se jogarmos com garra e vontade, terá valido a pena. Ah, e não invente nada mirabolante na escalação, faça o que tem que ser feito, escale os melhores.
A nação rubro-negra te deseja o melhor. Estamos contigo!
Assinado : Lívia e milhões de rubro-negros espalhados mundo afora