sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

30 Dias Sem o Ze.

Olá a todos os amigos, muitas homenagens foram feitas, mas eu gostaria de finalmente prestar a minha, e com certeza não há lugar melhor para colocá-la do que aqui, num lugar onde todos amam tanto meu Pai e que ele os amava também.

Vou começar isso aqui com um fato recente, mas que demonstra muito do quão impar ele foi. Próximo do dia dos pais de 2009 eu fui à procura do presente perfeito, que tivesse um significado único para nós dois e quando eu descobri que havia saído uma edição especial de aniversário de “My Fair Lady”, estrelado pela grande musa Audrey Hepburn eu sabia que deveria ser esse. Quando eu entrei na Saraiva para procurar o vendedor falou todo espantado: “MY FAIR LADY? Nossa geralmente as pessoas procuram um filme de ação pros pais.” Eu só respondi : “Meu pai é único mesmo”. É ele é único, não vejo muitos pais criando seus filhos ao som de Unchained Melody, Memory, Only You e New York New York, também me ensinou que toda menina deveria se tornar a “bonequinha de luxo” -como ele sempre me chamou - e que devia ser flamenguista ( essa ele não conseguiu). Quando eu era pequena ele penteava meu cabelo com os dedos e spray especial da turma da Disney (pateta e etc) com a maior paciência do mundo enquanto eu esperneava, me vestia com aqueles vestidinhos de bonequinha com meia calça e sapatilha e finalmente dançávamos pela rua tudo que vocês podem imaginar que venha de Frank Sinatra. A única coisa que eu sempre detestei no papai era a galinhagem, ele e minha mãe se divorciaram quando eu era ainda nova e nossa como papai arrumava namoradas, eu ficava enciumada, porém eu sempre fui a única da vida dele (junto com Dona Ruth claro) como ele sempre frisou e isso também causou um ciúme nas namoradas.

Em uma fase da nossa vida nós brigamos, ficamos sem nos falar por quase um ano, a mente pode ser envenenada, mas o coração não pode né? Quando o papai ficou doente ele sabia que era difícil e nós também, ele lutou tanto tempo, bem mais que o esperado por todos os médicos, e eu me orgulho muito desse homem, que não foi perfeito, não foi o melhor pai do mundo mas com certeza foi o pai que eu queria ter e o homem que me ensinou muito da vida, tanto coisas boas quanto ruins que aprendi com seus erros.

Quando ele faleceu, parecia que a qualquer momento ele ia levantar e falar “AHA PEGUEI VOCÊS” bem no jeito Teófilo Mitchell, infelizmente isso não aconteceu e Deus o levou. Eu agradeço de coração todo o carinho de vocês com ele e agora comigo, papai foi descansar depois de tanto farrear e de uma coisa eu tenho certeza, ele aproveitou essa vida como nenhum de nós.


Beijos a todos,
Bárbara Mitchell

"We think too much and feel too little. More than machinery, we need humanity. More than cleverness, we need kindness and gentleness. Without these qualities, life will be violent and all will be lost." – Charlie Chaplin, O Grande Ditador