Atendendo a um pedido do nosso irmao Gustavo Brasilia, eu vou reprisar um texto que conta uma historia, de uma emocao muito grande, que so o Flamengo e capaz de proporcionar.
Num momento tao delicado, e de tantas incertezas que nos deixam apreensivos, espero trazer um pouco a esperanca e dizer que nem tudo esta perdido, ou nem tudo esta tao ruim que nao possa melhorar, e preciso acreditar.
Aconteceu em 1977, na final do segundo turno, a decisão entre Flamengo e Vasco. O resultado de 0 a 0 levou a decisão para os pênaltis. Foi ali a minha primeira grande decepção no futebol. Estávamos comemorando o titulo porque já tínhamos feito os quatro gols nas cobranças e o último a bater seria Zico. Quando ele pegou a bola, correu e perdeu! O chão abriu, não conseguia falar e esperei pela última chance do próximo jogador do Vasco perder, mais foi aí que a história começou: gol de Luiz Augusto, Vasco campeão.
Passaram-se os anos e fui trabalhar na Transbrasil, no aeroporto do Galeão. Eu era Despachante Operacional de Vôo (DOV) e, no primeiro dia de trabalho, lá estava uma pessoa que não me era estranha. Eu me aproximei e perguntei:
– Você e o ... aquele jogador que deu ao Vasco o titulo de 77?
Ele riu e respondeu.
– Já sei, mais um flamenguista – disse.– Sou sim – respondi.
O tempo foi passando e ficamos muito amigos. Ele treinava o Olaria e sempre íamos juntos. Enquanto ele treinava a equipe, eu ficava me exercitando e batendo uma bolinha por lá. Ele torcia pelo Vasco e eu, claro, doente pelo Flamengo. Era a mais pura zoação, e ele ia sempre comigo aos jogos do Flamengo quando o Olaria não jogasse. Até que chegou o grande dia, o dia da conversão do Luiz Augusto.
Fomos ao Fla-Flu de 1985, pelo triangular decisivo, Maracanã tomado por 150 mil pessoas. O Fluminense ganhava por 1 a 0 e o Flamengo massacrava – nunca havia visto tamanha pressão. A bola não entrava. A torcida estava desesperada, mas não parava um só minuto de cantar. Foi quando Leandro pegou uma bola de fora da área e soltou um petardo. A bola explodiu no travessão e, no quique, caiu atrás de Paulo Victor e entrou.
Meu Deus, foi a redenção. A emoção tinha arrebatado a todos. Foi quando vi o Luiz Augusto, no meio da multidão, em lágrimas, pulando, gritando, abraçando todo mundo que via pela frente. Para mim, foi dupla a emoção: estava diante do meu melhor amigo que, anos antes, tinha tirado um título do meu clube e que naquele momento estava em completo êxtase, torcendo e chorando pelo nosso Flamengo.
Era 11 de dezembro de 1985. Naquele dia, o Flamengo conseguiu mais um feito, o milagre da conversão.