Ricardo Perez.
Um gol no último minuto, e na casa de um adversário que nós não conseguimos vencer na nossa, fez com que o sonho do nosso hexa pareça ainda mais distante, não só pelos pontos conseguidos pelo nosso rival, como pela demonstração da dose de sorte que costuma acompanhar as equipes campeãs. Infelizmente, o hexa agora parece tender mesmo é para o favorito da mídia (na primeira divisão), dos tribunais, juizes, bandeirinhas e demais manipuladores que comandam nosso futebol.
E se torna quase inevitável a pergunta que todos nós estamos fazendo para nós mesmos nesse momento: Nos faltou o quê?Não se deixem convencer por afirmações que limitam o nosso problema a uma resposta simples. Não foi culpa apenas do nosso "treinador". Sua incapacidade de montar uma equipe titular, inexperiência, despreparo e falta de comando foram certamente as falhas mais graves, mas não estão sozinhas. Fora o erro cometido por quem escolheu seu nome e o contratou, falhou também, e principalmente, um Flamengo sem cara de FLAMENGO dentro de campo.
E o exemplo mais recente foi o jogo do último domingo. Por mais antipatia que eu sinta pelo (anti–rubro-negro comentarista do jogo) Alex Escobar, sou obrigado a reconhecer que seu comentário durante a partida procedia totalmente, quando se referia a uma injustificável falta de motivação demonstrada por parte da nossa equipe. Sem que o tivesse ouvido, nosso goleiro Bruno confirmou o que ele havia dito, reclamando da temperatura do nosso time em uma partida de tamanha importância. Podemos até ter conseguido a vitória, mas com uma atuação que esteve longe de nos devolver confiança.
Nosso desempenho dentro de casa neste ano foi rizível e, para quem esperava ver novamente aquela "liga" do ano passado, a decepção foi amarga. O futebol burocrático que temos apresentado, sem brilho, sem alma, nem de longe lembra o que em 2007 nos emocionou no Maracanã. E as conseqüências disso ultrapassam as quatro linhas do campo. Um time morno e burocrático não consegue motivar sua torcida, que por sua vez não incendeia o jogo, que por conseqüência continua morno.
E o nosso diferencial é exatamente esse fogo que chega sob forma de incentivo das arquibancadas. Quantas vezes vimos jogadores limitados, e até por essa mesma torcida muitas vezes vaiados, conseguirem incendiá-la unicamente pela sua dedicação. Charles Guerreiro, Fabio Bahiano, Maurinho, Nélio, Paulinho e mais recentemente Toró, são alguns exemplos disso. A torcida do Flamengo até aceita e perdoa a ausência da técnica, mas NUNCA a falta de garra e vontade. Esse é o seu combustível, essa é a sua marca registrada.
Talvez por isso alguns amigos estranhem o respeito que sempre mantive pelo limitado Jailton. Pois mesmo com 99% da nossa torcida o querendo ver pelas costas, no jogo contra a Portuguesa, ao ser substituído com o time perdendo, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, essa mesma torcida o aplaudiu demoradamente e gritou seu nome, reconhecendo nele essa vontade, raça e dedicação que está faltando a alguns dos nossos principais jogadores. Jailton pode até não ser um jogador para ser titular numa equipe como a que desejamos para o Flamengo pela pouca qualidade técnica que possui, mas sobram-lhe todos os outros atributos e exatamente por isso merece o nosso respeito. MIL vezes mais do que alguns supostos "craques", que ganham como se fossem sem nunca ter sido.Com os ABSURDOS salários que algumas NULIDADES do nosso elenco recebem (como Jonathas, Kleberson e Tardeli, por exemplo), mais o do próprio Caio Jr, poderíamos contratar o Luxemburgo e ainda trazer o Murici para compor nossa comissão técnica. Parece absurdo e É MESMO !!!
Um time campeão não se faz com um elenco formado apenas por bons jogadores e a história está cansada de nos mostrar isso. O Inter foi campeão do mundo, em cima do poderoso Barcelona, com um time (pelo menos no papel) inferior tecnicamente até a esse seu de hoje em dia, que está duas voltas atrás do G5. Um time campeão se monta a partir de um líder (que pode ser o treinador ou algum jogador), MUITO TRABALHO, um grupo unido, dedicação máxima e concentração total na competição em disputa.Quando se consegue unir ORGANIZAÇÃO, TRABALHO, DEDICAÇÃO, UNIÃO e RAÇA à qualidade técnica, o resultado é algo semelhante à Seleção de vôlei masculino, que passou quase dez anos no topo, ou à nossa equipe da década de 80 que encantou e conquistou o mundo. Não se costuma chegar a lugar nenhum fazendo carinha feia na hora de ser substituído ou corpo mole nos treinamentos e a Seleção de 2006 já tinha nos provado isso.
Essa mesma vaga na Libertadores pela qual ainda estamos lutando e que ano passado ecoou como conquista, soará apenas como um premio de consolação neste. Tivemos todas as chances possíveis para chegar ao título, diferentemente do ano passado quando ressurgimos do fundo do poço.Podem até dizer ter sido precipitado afirmar que o título era obrigação, pelas dificuldades que uma competição extremamente longa como esta nos impinge e com o agravante de ser dividida pela abertura de mercados com um poder financeiro muito acima da nossa capacidade de concorrer. Mas essa vaga na Libertadores É OBRIGAÇÃO, SIM !Por todo o investimento que foi feito, pela decepção que esse mesmo elenco nos proporcionou neste ano, nessa mesma competição, e pelas oportunidades desperdiçadas ao longo desse Brasileirão, nossos jogadores estão nos devendo essa. Sem falar que não é minimamente aceitável perdermos a disputa por uma das quatro vagas quando só existem cinco concorrentes e teremos confronto direto contra dois deles. Complicaram contra os mais fracos? Pois agora que corram atrás contra os mais fortes. Que o nosso treinador, mesmo sabendo que seu prazo de validade já está vencido, tente não atrapalhar, não inventar, colocar em campo a equipe mais entrosada possível e a mantenha nessas quatro últimas rodadas. Que nossos jogadores se esqueçam, pelo menos nesse finalzinho de competição, das convocações da Seleção, Perlas, baladas, orgias e tinturas capilares, retribuindo um pouco do imenso carinho que receberam durante todo esse ano. A NAÇÃO EXIGE dedicação MÁXIMA nessa reta final para tentar amenizar um pouco o gosto amargo que começa a surgir na boca de quarenta milhões de rubro-negros. Enfim, que cada um se esmere ao máximo em cumprir com a sua parte, pois, neste domingo, nós estaremos lá lotando o Maraca, fazendo a nossa e cobrando incessantemente a de vocês.
PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!
ps: Estou esperando assistir uma vitória domingo ao lado de VÁRIOS grandes amigos aqui do FlaRJ, após a cerimônia de entrega do Diploma de Embaixada Rubro-Negra para o Ninho do Urubu de São Luis do Maranhão, que se realizará na Gávea. Marcelo Arrais e sua turma, além do nosso querido poeta Helinho, me concedendo a honra de conhecê-los pessoalmente.Tem que ser festa sábado na Gávea e domingo no Maraca