quinta-feira, 16 de outubro de 2008
DOEU
O Buteco quer agradecer ao amigo e grande Rubro-Negro Ricardo Perez, que gentilmente cedeu a sua brilhante coluna no co-irmao FlamengoRJ onde escreve todas as quartas-feiras. Eu em nome do Buteco incentivo todos aqueles que amam ao Flamengo que nao deixem de ler sua coluna sempre com muita isencao e tambem com muita paixao pelo meu, o seu o nosso Flamengo. Obrigado Ricardo!
Mal dormi de sexta para sábado tamanha era a expectativa de ver novamente o meu palco favorito lotado e inteiramente pintado com o vermelho e o negro. Vou para o trabalho completamente fora de sintonia, pois só conseguia pensar na partida que aconteceria mais tarde. As horas se arrastavam, mas finalmente chegou o momento de encontrar os amigos e partir para a guerra. Primeiro chegou o nosso amigo aqui do site, Magnus Livius. Com esse nome de quem traçava a Cleópatra em outras encarnações, trouxe seu enteado Vicente diretamente de Brasília para assistir uma partida do Flamengo no Maracanã pela primeira vez na vida. Logo depois, chegam Weiss, irmão, amigo ... e a hora de partir. Já no Maraca, fomos apresentados ao nosso outro amigo do FlaRJ Marcio Neves, que além de nos presentear com seus textos de imenso brilhantismo, teve a felicidade de gerar um rubro-negro como o Gabrielzinho que, já aos cinco anos de idade, tem no seu currículo o mérito de ter transformado dois de seus coleguinhas tricolores em apaixonados rubro-negros, para desespero de seus pais.Um ambiente da mais pura rubronegridade, alegria e confraternização que não merecia o triste final, que teve um grande responsável e a quem me dirijo a partir de agora.
Sr. CAIO Jr.
Ao contrário do que acontece comumente no futebol do Brasil, onde treinadores são trocados como peças de roupa a cada seqüência de derrotas, o Sr. caiu de pára-quedas aqui porque seu antecessor resolveu aceitar uma oportunidade única na carreira para dirigir o país sede da próxima Copa do Mundo; possivelmente, por seu bom desempenho à nossa frente. E, sinceramente, ficamos meio que decepcionados, pois esperávamos por alguém com mais gabarito e bagagem no mundo do futebol. Sonhávamos com o rubronegrismo apaixonado do Luxemburgo ou pela oportunidade de mostrar ao Murici que quem quer espetáculo não precisa ir ao Teatro Municipal, basta olhar para as arquibancadas quando o Flamengo joga em qualquer lugar do país e principalmente aqui no Rio. Acabamos compreendendo a impossibilidade de trazê-los naquele momento, não só pelo altíssimo salário que recebem, como também pelas pesadíssimas multas que uma quebra de contrato às vésperas do início do Brasileirão representaria. Bancamos a aposta em um treinador com um currículo em branco como o seu, até mesmo por considerar que sua tarefa não seria das mais difíceis, já que pegaria um time pronto. Não era um time espetacular, mas, pelo menos, era compacto, coeso, equilibrado e extremamente eficiente.
Chegamos mesmo a nos iludir nas primeiras rodadas quando o Sr., inteligentemente, manteve a base já formada e, se aproveitando disso, liderou o campeonato. Compreendemos suas dificuldades depois da saída de jogadores importantes e culpamos a diretoria pela vertiginosa queda na tabela que se seguiu.Mas vários jogadores acabaram chegando para essas posições carentes. Demoraram, mas chegaram. Muitos deles recomendados justamente pelo Sr., como o lateral esquerdo (que ironia) Eltinho, lembra? Fingimos que acreditamos na existência de uma proposta milionária do exterior que poderia tirá-lo daqui, em um momento desaconselhável, e acabamos apoiando nosso "ingênuo" e perdulário vice-presidente que, para prendê-lo aqui, prorrogou o seu contrato e aumentou seu salário para um nível dos melhores do país. E o que imaginamos a partir daí?Como tínhamos um sistema defensivo absolutamente pronto, uma cobertura a ele bastante eficiente (a ponto de fazer dessa defesa uma das menos vazadas do campeonato), os dois melhores laterais do país e uma infinidade de opções para escalar do meio pra frente, achamos que sua tarefa se limitaria à escolha de dois meias e um atacante ou um meia e dois atacantes: Bruno, (que seja o) Jailton, Fabio Luciano, Angelin, Leo Moura, Toró, Ibson, Juan e mais três – que, com o perfeito encaixe de Marcelinho Paraíba à equipe, se transformaram em apenas dois. Bastava ao Sr. manter o que já tinha encontrado pronto e escolher mais "DOIS" jogadores dentre Sambueza, Erick Flores, Fierro, Kleberson, Vandinho, Obina, Maxi e Josiel, para formar uma equipe titular e treiná-la à exaustão. O Sr. há de convir que não parece tarefa das mais difíceis, nem mesmo para treinadores de peladas de Aterro.E, apesar disso, o Sr. falhou. FALHOU FEIO !!!
O Sr. conseguiu disfarçar sua incompetência contra o "poderoso" Ipatinga quando a sorte lhe sorriu com um gol salvador. Contra o Sport então, a mesma sorte lhe gargalhou e, embora tivéssemos plena consciência de que havia sido um mero acidente, comemoramos muito e até achamos graça das suas expressões de “gênio” apresentadas nas entrevistas após a partida. Um providencial pênalti em Recife, e parecia até que estava nascendo um novo “Zagalo”! Só que, contra o Atlético Mineiro, a sorte resolveu não ajudar e sua máscara de treinador genial caiu. Talvez até, se a bola cabeceada pelo Marcelinho que tocou na trave atleticana tivesse entrado ou se o juiz tivesse dado o escandaloso pênalti que covardemente preferiu fingir não ter visto, ela continuasse por mais algumas rodadas.
Mas, dessa vez, a sorte se negou a ajudar. Não perdoou a sua falta de humildade e responsabilidade ao improvisar um jogador que, embora muito hábil, nunca demonstrou o menor cacoete de lateral, desarrumando completamente todo o nosso sistema defensivo. Tal situação é agravada pelo fato de saber que a ausência do nosso capitão já nos fragilizaria significativamente no mesmo setor. O que nós tivemos o desprazer de presenciar no sábado foi um BANDO mal dirigido, mal comandado, mal escalado, mal substituído e mal treinado. E, para tentar corrigir os seus erros de escalação, o Sr. conseguiu errar ainda mais. Ao invés de concertar o mais grave, colocando alguém que soubesse jogar de lateral esquerdo e devolvendo o Sambueza para o seu devido lugar, o Sr. insistiu no absurdo e desarrumou o time mais ainda, se é que era possível. Não satisfeito, agiu como uma criança brincando no vídeo game FIFA 2008 e saiu trocando volantes por atacantes, demonstrando todo o seu desespero e incapacidade de enxergar e corrigir o que realmente estava errado. Será que o Sr. tem a noção exata das conseqüências dos ABSURDOS que cometeu? Nossas chances de título foram reduzidas praticamente a zero e as chances de disputar a Libertadores do ano que vem ficaram seriamente ameaçadas, o que significaria sepultar de vez os sonhos de um quinto da população do país.
A partir de agora, e até o final da competição, já que de nada adiantaria trocar de treinador agora, tenha a humildade de fazer apenas o que sabe, o que já é MUITO POUCO. Basta aquele feijãozinho com arroz sem graça e sem tempero dentro da sua limitada capacidade. Tente, pelo menos, não nos atrapalhar a ponto de impedir que disputemos a Libertadores do ano que vem. Quem sabe, ouvindo os conselhos de Andrade ou Adílio, ao invés dos empresários dos nossos jogadores (e QUEM SABE MAIS QUEM), o Sr. consiga ?
Mas mesmo que essa catástrofe venha a acontecer, não se preocupe. Nossa atitude não será depredar seu carro ou lhe dirigir impropérios ao cruzarmos com o Sr. no meio da rua. Nosso prazer será vê-lo treinando times de segunda e terceira divisão com um currículo não mais em branco e sim manchado por ter desperdiçado uma chance única de levar o melhor elenco do país ao título do Brasileirão. Nosso deleite será vê-lo perder a arrogância emoldurada por uma penca de pares de óculos que não esconderão mais sua cegueira absoluta em matéria de futebol.
Cegueira que atinge a todos nós também. Só que, no nosso caso, a cegueira é motivada por paixão. Uma paixão que nos faz buscar na coincidência de uma derrota, também de três, para um time mineiro e com uma atuação igualmente desastrosa, no início da nossa arrancada final no ano passado, a esperança que se repita a mesma reação esse ano. Uma paixão que nos fará estar presentes novamente no Maracanã no próximo domingo para apoiar, incentivar e demonstrar para os jogadores que ainda acreditamos em algo que para qualquer outro clube seria impossível. Uma paixão que não nos permite desacreditar nunca e nos obriga a sonhar até que não haja mais nenhuma esperança. E se o nosso coração rubro-negro continua batendo é porque ela ainda existe. PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!