Confiram a história, as estatísticas, os maiores artilheiros. Comparem com o que temos visto nos últimos anos. O Flamengo está traindo a sua vocação histórica, que é ofensiva, alegre, repleta de gols. O que aconteceu?
Com certeza não há uma só razão, mas talvez seja possível começar a entender o porquê quando constatamos que as nossas categorias de base, outrora fonte inesgotável de talentos, infelizmente têm revelado atacantes que não fazem gols, meias-armadores (camisas 10) que sequer conseguem chutar entre as balizas. Hoje, de lá só saem “craques” que têm postura de jogadores consagrados, vencedores de todos os títulos possíveis e imagináveis. De lá não sai um jogador com vocação ofensiva que se possa efetivamente aproveitar. O que aconteceu?
Saindo das categorias de base e passando para a montagem do elenco profissional, o período tenebroso pós-Edmundo Santos Silva por certo dificultou muito a contratação de jogadores de qualidade, principalmente atacantes e meias ofensivos, sempre os mais caros. Porém, embora se saiba que o Manto Sagrado pesa, e muito (e como pesa!), parece inacreditável que tantos outros times consigam formar times ofensivos, com a característica que sempre marcou o Clube de Regatas do Flamengo, e nós tenhamos que suportar seguidos campeonatos brasileiros figurando entre os piores ataques. O Século XXI tem sido cruel com o Flamengo, no que toca ao seu poderio ofensivo. Parece que, desde a saída do Liédson, que ocorreu no final de 2002, nós não temos um atacante de respeito, que dirá um ataque que incomode, que agrida os adversários.
Tudo parecia começar a tomar outro rumo esse ano. Chegou um meia, que, dizem, havia começado como meio-campo mais recuado, e que, improvisado no ataque, revelou-se um jogador extremamente oportunista e se tornou o artilheiro do Flamengo e do Campeonato Brasileiro da Série A. É de Marcinho, obviamente, que estou falando. E o novo técnico, Caio Júnior, que ninguém queria, mas que acabou se revelando um adepto ao jogo solto e ofensivo que é a principal característica do Flamengo, coisa que não se via na Gávea há alguns anos (talvez o último tenha sido o Zagallo já em final de carreira) e muito pouco se viu nas últimas décadas. Sem comparações, lembro-me de Telê, Carlinhos e Vanderlei Luxemburgo. Poucos, para tanto tempo. Caio Júnior parece se inspirar nesse tipo de treinador, o que é ótimo.
Cabe à diretoria não desviar o rumo correto que tomou desde a saída do Joel Santana (para mim, não deixa saudades) e contratar rapidamente meias ofensivos e atacantes que honrem o passado do Flamengo.
Toda sorte do mundo ao Vandinho, que espero já ver no time no domingo. Que venham os demais.
*** Colaborador: Gustavo Brasilia